Walt Disney chegou a hipotecar a casa por causa de Branca de Neve
Se os irmãos Grimm soubessem em pleno século XIX que algumas das suas histórias viriam um dia a ser contadas em desenhos animados, e que todas as crianças cresceriam a conhecer a Branca de Neve e os Sete Anões, teriam provavelmente desatado a rir e diriam que era impossível, porque implicava magia e magia só existe nas histórias. Porém, a verdade é que a magia aconteceu.
Estamos em 1937 quando a editora Walt Disney lança a sua primeira longa-metragem de animação. Após meses de trabalho, o filme composto por ilustrações alcança quase de imediato sucesso em todo o mundo, faturando mais de 8 milhões de dólares. Nos anos seguintes, mesmo com a chegada de novos filmes da Disney, a popularidade de Branca de Neve e os Sete Anões era ainda forte o suficiente para que o filme regressasse aos cinemas.
O auge, no entanto, aconteceu durante a 11ª gala dos Óscares, quando Walt Disney recebeu um prémio honorário pelo filme e a banda sonora uma nomeação.
A Branca de Neve e as 22 estatuetas de Walt Dysney
A produção de Branca de Neve e os Sete Anões começou algures em 1934. Até então, a Disney começava a criar a sua fama, lançando uma série de pequenos filmes que envolviam a personagem do rato Mickey e dos seus amigos. No entanto, dar um passo para criar uma longa-metragem era decididamente algo novo, algo que o próprio Walt Disney sabia que ia resultar num marco importante da história da sétima arte.
Mas não seria uma tarefa fácil, especialmente tendo em conta o orçamento necessário de 250 mil dólares, dez vezes mais do que o valor gasto com os filmes do Mickey. Por essa mesma razão, houve quem acreditasse que Branca de Neve e os Sete Anões seria o fim da própria Disney. Roy Disney, o irmão de Walt e a sua esposa, Lilian, chegaram até a tentar convencer o empresário cinematográfico a desistir do projeto. Ainda assim, Walt Disney estava a tal ponto decidido que hipotecou a casa.
O futuro da empresa passou então a estar nas mãos do sucesso de Branca de Neve e os Sete Anões. E, para se chegar à história que conhecemos hoje, foram dadas muitas voltas e reviravoltas, muitos enredos foram postos de lado em favor de outros, sempre à procura da fórmula de sucesso.
Parte dos produtores acreditava, por exemplo, que as personagens principais deste filme deveriam ser os sete anões. No início, chegou-se mesmo a discutir sobre a personalidade dos anões no filme, acreditando que deviam existir pontos diferenciadores entre as personagens em vez de funcionarem como um todo. Já imaginaram um filme onde os sete anões são, na verdade, o mesmo desenho, mas replicado de forma igual?
Um dos pontos mais importantes foi por isso a escolha do nome de cada anão. O Feliz, o Zangado e até mesmo o Dunga podiam ter ficado com outros nomes. Após reuniões e reuniões entre a equipa de produção, os sete nomes que hoje conhecemos foram escolhidos em detrimento de outras cinquenta hipóteses que estavam a ser discutidas.
Inicialmente, a Disney pensou orientar-se muito pelo que acontece na história dos irmãos Grimm: a Rainha Má tenta matar a princesa Branca de Neve de várias formas, como por exemplo um pente mágico ou ainda a macabra parte em que a Rainha captura o Príncipe Encantado numa masmorra e se tenta casar com ele. No entanto é a parte da maçã envenenada que acaba por encontrar o seu lugar no filme, imortalizando para sempre um dos momentos mais icónicos do cinema. De qualquer das formas, vários esboços foram feitas para estes enredos.
Da história, foram também excluídas algumas cenas mais interessantes referentes aos anões. Uma das cenas, que foi devidamente animada e finalizada, mostrava uma discussão entre os anões Mestre e Feliz sobre se a Branca de Neve devia ou não ficar com eles. Uma outra cena teria mostrado a princesa a tentar educar os anões, mostrando-lhes como se comportarem como cavalheiros.
Como foi dito acima, a história que chegou ao ecrã provou ser bem sucedida, confirmando a ideia de Walt Disney e lançando a base para uma das maiores indústrias cinematográficas de sempre. Até ao final da sua vida, Walt Disney e a sua visão original valeram-lhe 22 Óscares, tornando-se no premiado que ganhou mais estatuetas.