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Confira os grandes destaques do IndieMusic na 18ª edição do IndieLisboa

Confira os grandes destaques do IndieMusic na 18ª edição do IndieLisboa

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O IndieLisboa voltou a ocupar as salas do Cinema São Jorge, Culturgest, Cinemateca Portuguesa e Cinema Ideal.

A 18ª edição de um dos Festivais de Cinema mais celebrados em Portugal teve lugar de 21 de agosto a 6 de setembro de 2021, marca a primeira vez que me consegui deslocar à capital para acompanhar este evento. Ainda que costume acompanhar o IndieJúnior não tinha conseguido acompanhar o evento mãe já que, normalmente, estava a organizar um evento no Porto que decorria em simultâneo.

Este ano estou, por isso, muito contente por ter, finalmente, conseguido acompanhar o festival ainda que por apenas um dia. Pode dizer-se que foi um dia intenso: recheado de cinema independente!

O artigo que aqui vos apresentamos foca-se no programa IndieMusic, secção do IndieLisboa que faz a ligação entre cinema e música. Em breve iremos dar conta de mais um pouco do que foi a minha estada no IndieLisboa 2021.

IndieMusic 2021

A programação do IndieMusic apontou este ano um maior foco a histórias individuais, desde ícones de punk mundiais e nacionais, artistas que se reinventaram e outros que se dão a revelar.

Shane MacGowan e Poly Styrene nasceram no mesmo ano de 1957 e tornaram-se nomes maiores do punk

 

 

Crock of Gold: A Few Rounds with Shane MacGowan traça a biografia do líder dos The Pogues, poeta inspirado e performer contagiante, cruzando material de arquivo, entrevistas com McGowan e conversas com diversas personagens (de Gerry Adams, antigo presidente do Sinn Féin, a Nick Cave ou Bobby Gillespie).

Já em Poly Styrene: I Am a Cliché abrem-se os arquivos artísticos inéditos de Poly, ícone punk, vocalista das X-Ray Spex, cometa que abalou a cena musical britânica no final dos anos 70 e que serviu de inspiração para os movimentos riot grrrl e afropunk.

Ney Matogrosso, St. Vincent e Matthew Herbert são três camaleões, de reinvenção em reinvenção 

 

  

Ney à Flor da Pele é uma antologia visual, toda composta por imagens de arquivo, das performances e palavras do artista brasileiro, desde o tempo dos Secos e Molhados até aos nossos dias.

The Nowhere Inn é um mockumentary inspirado e divertido, que aproveita a amizade real entre Carrie Brownstein (das Sleater-Kinney e da série Portlandia) e Annie Clark (aka St. Vincent), num confronto de forças criativas para filmar um documentário sobre a vida de St. Vincent.

Matthew Herbert é um dos mais versáteis e visionários artistas conceptuais do nosso tempo. The Symphony of Noise acompanha o processo criativo do músico, mostrando como Herbert pensa e faz música com os sons e ruídos do dia-a-dia.

 

No campo das descobertas, há espaço para conhecer Ilhan Mimaroglu, John Cohen e Patrick Cowley 

 

 

Mimaroğlu: The Robinson of Manhattan Island é um retrato de Ilhan Mimaroğlu, o pouco conhecido compositor de música eletrónica e avant-garde turca, e da sua mulher, Güngör, que esteve ligada ao movimento dos direitos civis norte-americano, depois de emigrarem para o país em 1959.

Different Johns é um retrato de John, músico folk e fundador dos New Lost City Ramblers, mas também fotógrafo, cineasta e antropólogo com um papel singular no registo e colaboração com Jack Kerouac, Woodie Guthrie, Allen Ginsberg, Robert Frank e um jovem Bob Dylan.

O produtor musical Patrick Cowley, criador da remix que se tornou hino I Feel Love de Donna Summer, tem em Patrick uma poética e justa homenagem.

Já outros dois filmes têm várias pessoas lá dentro

Sister With Transistors é a história por contar das pioneiras da música electrónica Clara Rockmore, Daphne Oram, Bebe Barron, Delia Derbyshire, Maryanne, Amacher, Pauline Oliveros, Wendy Carlos, Eliane Radigue, Suzanne Ciani, e Laurie Spiegel, nomes muitas vezes ocultados e esquecidos.

Nueve Sevillas é um retrato de novas gerações e roupagens do flamenco entre os quais a bailarina Javiera de la Fuente, o poeta David Pielfort ou a advogada cigana e feminista Pastora Filigrana e performances de Niño de Elche, Silvia Pérez Cruz e Rosalía.

E finalmente uma banda, e que banda! Chunky Shrapnel é um filme-concerto imersivo da banda psicadélica australiana King Gizzard & the Lizard Wizard, que segue a banda na sua tour de 2019, pela Europa fora, com o álbum Infest the Rats’ Nest às costas. Um filme- concerto num ano em que deixou de haver concertos.

A música portuguesa continua bem representada

Paulo Antunes, que em 2019 encheu a sala Manoel de Oliveira, no São Jorge, com o seu anterior filme Um Punk Chamado Ribas, continua a sua viagem pelo bairro de Alvalade e o punk nacional, agora com Já Estou Farto! que coloca o foco em João Pedro Almendra, o animal de palco que formou os Ku de Judas e foi a voz dos Peste & Sida, dos PunkSinatra e do projeto rock Os Filhos de Hannibal Lecter, estando também na génese dos Censurados. 

Eram 27 Dias e Paraste, é um documentário de bastidores sobre a apresentação do mais recente álbum de Noiserv, “Uma palavra começada por N”, no lisboeta Teatro Tivoli BBVA. Caudal é um filme sobre um concerto dos Solar Corona que nunca mais se vai repetir e We Were Floating High segue os First Breath After Coma durante o incrível ano de 2019, quando lançaram o álbum NU, antes de tudo mudar.

O meu IndieMusic 

Não foi fácil decidir os filmes a visionar na minha tão curta visita ao festival. Embora tenha estado em Lisboa apenas um dia e durante a semana, a seleção era decisiva já que os filmes são apresentados em simultâneo em várias salas.

Com recurso ao catálogo e algumas dicas acabei por escolher: Un cielo tan turbio, da competição Silvestre; e Different Johns, da competição IndieMusic.

 

 

 

Foi uma bela surpresa contar com a presença do realizador de Different Johns, Robert Carr. Este fez uma breve introdução que nos colocou de imediato na trilha do invulgar John Cohen. Carr faz um retrato de Cohen, que vamos percebendo ser um personagem complexo.

É-nos apresentado um Cohen com uma certa idade, com quem é difícil não simpatizar. Durante o filme vamos viajando pelo percurso deste multifacetado artista, que nos leva numa viagem pelos EUA, desde cidades e artistas familiares até à América profunda… chegando mesmo a subir a grande altitude no Perú!

Cohen fala com muita simplicidade de toda uma época da cultura norte-americana. Reconhecemos muitas das imagens que registou mas é ao sermos confrontados com a multiplicidade das suas recolhas audiovisuais da cultura musical norte-americana e peruana que percebemos o valor do seu legado.

Filmes selecionados:

 

Longas

A Symphony of Noise (Enrique Sánchez Lansch / Alemanha)   

Chunky Shrapnel (John Angus Stewart / Australia)              

Crock of Gold: A Few Rounds with Shane MacGowan (Julien Temple / Reino Unido, EUA)

Different Johns (Robert Carr / França, Alemanha, Peru, EUA)

Já Estou Farto! (Paulo Antunes / Portugal)              

Mimaroğlu: The Robinson of Manhattan Island (Serdar Kökçeoğlu / Turquia, EUA)   

Ney à Flor da Pele (Felipe Nepomuceno / Brasil)                                         

Nueve Sevillas (Gonzalo García Pelayo, Pedro G. Romero / Espanha, França)    

Poly Styrene: I Am a Cliché (Celeste Bell, Paul Sng / Reino Unido)                      

Sisters With Transistors (Lisa Rovner / Reino Unido)         

The Nowhere Inn (Bill Benz / EUA)   

                                                              

Curtas

Caudal (Luís Sobreiro / Portugal)

Eram 27 Dias e Paraste (Jota Assis e Noiserv / Portugal)                                      

Patrick (Luke Fowler / Reino Unido)                           

We Were Floating High (Tiago Gomes / Portugal)

 

O júri da competição IndieMusic 2021, composto por Cláudia Guerreiro (Linda Martini), Yaw Tembe (músico e programador do Teatro do Bairro Alto) e Yen Sung (DJ), atribuiu o prémio IndieMusic a SISTERS WITH TRANSISTORS e NUEVE SEVILLAS.

+info sobre o festival:

https://indielisboa.com

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