Don Juan: o filme que deu as boas-vindas ao cinema sonoro
Realizado por Alan Crosland, Don Juan entrou para a história do cinema por ser a primeira longa-metragem sonorizada de sempre. Ainda que sem diálogos, a obra cinematográfica fez parte do processo de transição da sétima arte para a fase do som. Juntamente com The Jazz Singer (o primeiro filme falado), Don Juan foi responsável pela introdução de uma nova tecnologia: o Vitaphone.
A palavra Vitaphone foi inspirada nas línguas da Antiguidade Clássica e traduz-se em algo como “som vivo”. Devemos, no entanto, referir que o som que se ouvia não estava no filme em si: em vez disso era gravado num sistema de Gramophone. No caso de Don Juan, importa dizer que a película foi mesmo gravada tal e qual como um filme mudo. Apenas depois foi introduzida a trilha sonora.
A invenção foi um sucesso. De tal forma que, à luz da história, podemos dizer que sem o Vitaphone não se teriam aberto as portas para o cinema que hoje conhecemos: ou seja, falado e repleto de sonoridades. A narrativa foi inspirada num poema com o mesmo nome da autoria de Lord Byron, que por sua vez se inspirou no clássico espanhol e italiano, popular nas artes e na literatura.
O guião de Don Juan foi escrito por Bess Meredyth e ao longo filme são utilizados intertitulos da autoria de Maude Fulton e Walter Anthony. No ecrã surgem nomes como Jon Barrymore, o protagonista; Jane Winton, no papel de Donna Isobel; e Warner Oland e Estelle Tayler, na pele de Cesare e Lucrezia Borgia, respetivamente.
A história do filme tem por base uma promessa feita por Don José ao filho, Don Juan. Depois de ser avisado de que a esposa o traía, o homem decide trancá-la num castelo e iniciar uma vida boémia. No final, acaba apunhalado pela amante.
Nas últimas palavras, Don José diz ao filho para tomar todas as mulheres, mas nunca se apaixonar verdadeiramente por nenhuma. Daí para a frente, dá-se um salto de dez anos no tempo que nos permite acompanhar as aventuras de um eterno namoradeiro que acaba por se encantar por uma menina do convento. A ação passa-se na cidade de Roma e integra figuras históricas de renome. É o caso da família Borgia ou do Conde Donati.
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Don Juan: um recorde menos convencional
Produzido pela Warner Bros, Don Juan estreou em agosto de 1926, na cidade de Nova Iorque. Até à altura, esta foi a maior produção da companhia, que gastou cerca de 800 mil dólares para fazer o filme. O som que ouvimos é da responsabilidade da Banda Filarmónica de Nova Iorque e está guardado no Arquivo do Cinema e da Televisão da Universidade da Califórnia.
Além de ser a primeira longa metragem da história com som sincronizado via Vitaphone e com banda sonora, Don Juan mantém até aos dias de hoje um record menos convencional, ocupando o lugar de filme mais “beijoqueiro” da história do cinema. Ao longo dos 110 minutos que compõem a película, os atores beijam-se 127 vezes! Tudo junto, isto perfaz um total de cerca de um beijo por minuto.