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Review do Filme Doutor Estranho: o mundo não gira ao seu redor

Review do Filme Doutor Estranho: o mundo não gira ao seu redor

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O filme do mago supremo da Marvel Comics foi aos cinemas em 2016 para conquistar um espaço de respeito no universo estendido Marvel. A produção do genial Kevin Feige surpreendeu e provou mais uma vez que seu trabalho não é sorte de principiante, o sujeito sabe o que faz.

Baseado em Doutor Estranho de Stan Lee e Steve Ditko, o Doutor Stephen Strange é um neurocirurgião talentoso, mas arrogante egoísta ao extremo. Um dia ele sofre um acidente de trânsito horrível no qual tem suas mãos deformadas, a mão é a principal ferramenta de trabalho em sua profissão.

Em busca de cura, gasta todos seus recursos até ficar praticamente falido. Após tentar tudo que a ciência oferece, as melhores tecnologias e até o que estava em fase experimental chega a inevitável conclusão: a medicina não pode resolver seu problema, a resposta não está na ciência.

Em uma sessão de fisioterapia, um médico comum tenta animá-lo, mas ele o humilha por se tratar de alguém inferior na profissão. Como resposta à sua prepotência, o colega de profissão lhe mostra a ficha de um paciente chamado Pangborn, que recebeu uma espécie de milagre e se recuperou de um problema muito pior que o seu.

De seu egocentrismo não escapa nem sua ex-amante e atual colega de trabalho, Christine Palmer, em quem acaba por descarregar sua frustração por seu estado atual e magoar.

Strange desesperado busca Pangborn e comprova que o homem realmente recebeu algo que a ciência chama de milagre: algo que o conhecimento científico nega, que ele desprezou durante toda a vida, algo que segundo os cientistas é pura bobagem e charlatanismo, aquilo que não se pode fazer, mas que para a decepção de todos os conhecedores egocêntricos, certos de que são sábios em si mesmos, está ali à frente dele a prova de que há sim algo que sua preciosa ciência desconhece.

É a realidade dando-lhe uma surra e lançando-lhe em face sua miséria.

Curioso e motivado vai à Kamar-Taj, no Nepal, onde conhece Karl Mordo, que o leva ao santuário e o apresenta ao “ser ancião”, com uma recomendação: “Esqueça tudo que acha que conhece“.

Como última lição, sua humildade é testada e mais uma vez ele perde: humilhado entende que seu lugar não é mais no alto e que seu conhecimento é pífio, então com o olhar de aluno e já sem soberba, resolve se dedicar e entrega-se de corpo e alma às ciências ocultas que até então esnobou.

Uma vez imerso neste novo universo de conhecimento, com magia e espiritualidade, Strange faz amigos, mas descobre que outros que já estiveram em seu lugar acabaram por se perder, sucumbindo ao poder tornaram-se vis. É o caso de Kaecilius, ex-aluno de “ser ancião” que descobriu algumas fórmulas e decidiu entregar-se às trevas. Seduzido por promessas de poder e vida eterna, Kaecilius dedica-se a entregar o mundo à uma entidade chamada Dormammu, um ser poderoso que governa a Dimensão Negra e ocupa-se de devorar outros mundos.

Strange, Mordo, “ser ancião”, e seus novos amigos terão que impedir Kaecilius e seus seguidores, ou será o fim do mundo: a aventura começa de fato neste ponto.

 

 

A genialidade de Doutor Estranho

Benedict Cumberbatch entregou o melhor Doctor Strange que o cinema poderia esperar, o ator mergulhou no personagem, sua aparência é fiel à do personagem da HQ Marvel, assim como sua personalidade. Isso era de se esperar, uma vez que o ator é voltado em sua vida real à meditação e atividades do gênero. A curva dramática do personagem, sua transformação ao longo do roteiro é uma verdadeira obra prima que funde o roteiro e a atuação de Cumberbatch.

O roteiro é veloz, fornece todas as informações necessárias, apresenta todos os personagens com a intensidade que requerem, integra-os ao universo Marvel com perfeição, e proporciona um arco fantástico: toda a transformação de Stephen harmoniza-se com os planos de Kaecilius, fazendo com que o personagem fique pronto em tempo de lutar contra a ameaça que quer destruir o mundo, e tudo isso em curtos 115 minutos.

A música é um conceito um pouco diferente, que varia entre o clássico, o jazz (preferência do neurocirurgião) e o místico oriental, é suave mas poderosa, forte mas gentil. A fotografia está entre as mais bem feitas de 2016, é um trabalho complexo que não basta ser informativo e artístico, transcende a técnica e alcança a arte ao harmonizar muito com os efeitos especiais que servem-se de espelhamentos constantes (só assistindo para você entender a exigência da fotografia em função dos efeitos especiais).

A edição é outro ponto incrível, pois os entrecortes de cenas com trilha sonora e vozes, também trabalham com os efeitos especiais (estes por sua vez criam inclusive cenários inteiros).

O elenco é repleto de talentos, todos convencem, com destaque para o já mencionado Benedict Cumberbatch, Tilda Swinton como “ser ancião” atingiu a perfeição de atuação em termos monásticos, Mads Mikkelsen como o tolo, prepotente e pretensioso Kaecilius, Chiwetel Ejiofor como o inflexível Karl Mordo, Benedict Wong como o comprometido e engraçado Wong (este personagem é sensacional mesmo), Rachel McAdams como a companheira Christine Palmers que desenvolveu uma química quase natural com Strange (é difícil pensar o contrário assistindo ambos contracenarem). O elenco está de parabéns mesmo e realizou um trabalho digno.

 

 

 

Como leitura simbólica, a mensagem do filme é uma lição: o mundo não gira ao seu redor. A narrativa trata de um preceito ético fundamental: o bem maior. Strange tem que descobrir que tudo que está acontecendo não é sobre ele, não se trata de ele ser o importantíssimo neurocirurgião e palestrante, o super bem sucedido profissional, mas sim de que o mundo precisa de alguém disposto a sacrificar-se em sua defesa, alguém que saiba que é mais importante a vida de todos do que a sua própria. É o tipo de mensagem difícil de se lidar numa estória.

Por fim, a direção de Scott Derrickson foi impressionante, orquestrou toda essa equipe repleta de talentos e conseguiu atingir os objetivos: trazer ao cinema este importante personagem da Marvel Comics, integrá-lo ao universo estendido Marvel, e ainda demonstrar que não se trata de um mago com poderes místicos apenas, mas de um verdadeiro herói disposto até ao sacrifício final de sua própria vida para proteger a humanidade, alguém com grandeza de alma.

O filme recebeu 40 indicações para premiações das quais venceu 6. Das indicações e vitórias a maioria foi para os efeitos especiais de Stephane Ceretti e Richard Bluff. Uma das indicações foi para o Oscar na mesma linha dos efeitos especiais. A indicação mais emblemática foi a de “Melhor Adaptação de Quadrinhos para Filme“, do Saturn Awards 2017: esta o filme levou com todo mérito.

A Marvel Studios acertou novamente e este foi o décimo quarto filme do universo estendido Marvel.

Uma nota 10 é pouco para um personagem tão difícil de se produzir, em nada o estúdio ficou devendo e o que resta é esperar as prometidas continuações.

 

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Ficha técnica:

Filme / Ano: Doctor Strange ( Doutor Estranho ) / 2016

Produção: Kevin Feige

Direção: Scott Derrickson

Roteiro: Jon Spaihts, Scott Derrickson, C. Robert Cargill

Fotografia: Ben Davis

Música: Michael Giacchino

Edição: Wyatt Smith, Sabrina Plisco

Elenco: Benedict Cumberbatch, Chiwetel Ejiofor, Rachel McAdams, Benedict Wong, Michael Stuhlbarg, Benjamin Bratt, Mads Mikkelsen, Tilda Swinton

Orçamento / Receita: US$ 165 milhões / US$ 677.718.395

 

 

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