Henry Thomas: o ator por detrás do miúdo do E.T.
Henry Thomas ficará sempre conhecido na história do cinema como o protagonista de E.T., de Steven Spielberg. No ano em que passaram 25 anos sobre a sua realização, a direcção do Fantasporto convidou o ator para falar sobre a sua carreira e a competitividade na Sétima Arte. Recordo neste artigo uma entrevista que tive a oportunidade de lhe fazer por essa altura, em 2007, e onde desvenda um pouco mais sobre si.
Dificilmente serão poucos os que não se lembram do miúdo de 10 anos que ajuda o amigo extraterrestre a regressar ao seu planeta. Ou que não guardem na memória a imagem das bicicletas a voar iluminadas pela lua cheia. O filme E.T., realizado por Steven Spielberg, em 1982, foi protagonizado por Henry Thomas, o rapaz que deu vida ao pequeno Elliot e que tinha então apenas 11 anos.
Na edição de 2007 do Fantasporto, Henry Thomas estava longe de ser uma criança. Por essa altura, tinham passado 25 anos desde a realização do icónico filme E.T. e o Festival Internacional de Cinema do Porto quis prestar homenagem ao clássico da ficção científica.
Em Portugal, o ator falou sobre a sua carreira, que não tendo um currículo tão extenso como alguns dos seus pares de Hollywood, incluiu a participação em filmes relevantes da história da sétima arte como Valmont, de Milos Forman, onde contracenou com Colin Firth e Annete Benning; The Legends of the Fall/Lendas de Paixão, de Edward Zwick, com Brad Pitt, Anthony Hopkins e Julia Ormond; All the Pretty Horses, de Billy Bob Thornton, com Matt Damon e Penélope Cruz e, mais recente na mente do público, Gangs of New York, de Martin Scorcese, ao lado de Leonardo Di Caprio, Daniel Day Lewis e Cameron Diaz.
Henry Thomas: “O meu coração está no cinema”
Mantendo o mesmo olhar de miúdo, Henry Thomas justificou a fraca presença em grandes produções pela forte competitividade vivida no meio cinematográfico. Segundo ele, “nos últimos 4/5 anos tornou-se complicado trabalhar em grandes filmes, não só porque a idade vai passando e vou ficando mais velho, mas porque parece que existem doze actores que estão sempre a fazer parte de grandes elencos e eu não sou um deles. Normalmente, estou a trabalhar em produções mais pequenas”.
Mesmo assim, o ator confessa que não desiste. “Tento sempre dar o melhor de mim e envolver-me em projectos que valem a pena e que serão posteriormente distribuídos, uma vez que o cinema independente nem sempre tem uma boa distribuição”, sublinha, acrescentando que “em seis anos, por exemplo, 80 por cento dos filmes que fiz não foram vistos por ninguém”.
Contudo “quando sinto pena de mim ou me sinto mais em baixo lembro-me que já trabalhei com realizadores como o Spielberg ou Scorsese e fico melhor”. Aliás, confessa que Martin Scorsese é um dos seus realizadores preferidos, “porque percebe os atores e o que é representar e, por isso, não pressiona o seu desempenho, além de que instintivamente sabe para onde mover a câmara, é capaz de se divertir nas filmagens, a sua vida é filmar e gosta de todos os aspectos que a realização exige”.
Dada a dificuldade em arranjar um papel para um filme, nos últimos tempos, Henry Thomas tem trabalhado bastante em televisão. No entanto, e mesmo reconhecendo que a qualidade da escrita melhorou drasticamente na última década, o ator admitiu que preferia “trabalhar em filmes. O meu coração está no cinema e gostava que a minha presença fosse mais sólida”, disse. “Para mim o maior desafio é tentar reinventar-me a cada performance. Em cada trabalho tento fazer coisas diferentes não só em termos de personagem, mas fisicamente e, talvez, esta seja a chave para continuar a ser ator”.
Eterno miúdo do E.T.
Na história do cinema, o nome de Henry Thomas ficará sempre associado ao pequeno Elliot de E.T.. Mas, se durante alguns anos, o actor se sentiu incomodado porque achava que ninguém prestava atenção ao trabalho que estava a desenvolver, hoje “com 35 anos fico muito contente que as pessoas ainda se lembrem do filme. É sinal que guardam boas memórias e nunca imaginei que, 25 anos depois, estaria em Portugal a falar sobre essa experiência”.
Para Thomas, o negócio do cinema não está ameaçado, “porque alguma coisa está a mudar, há muitos filmes no mercado e realizadores que hoje podem fazer um filme com um orçamento baixo”, acrescentando que “o público continua a querer o mesmo, bom cinema, e enquanto isso acontecer a continuidade do negócio não está em causa”, concluiu.