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10 Filmes que ganharam o Leão de Ouro

10 Filmes que ganharam o Leão de Ouro

by Tiago Leão

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Realizado desde o ano de 1932, o Venice Film Festival é considerado o festival mais de cinema mais antigo do mundo. Ano após ano, figuras de renome e as maiores revelações da indústria são distinguidas com a estatueta que está entre as mais prestigiadas da Europa. Qual? Só podíamos estar a falar do famoso Leão de Ouro.

A pergunta que deve estar a fazer neste momento é: mas porquê um leão e não outro animal qualquer? A escolha deve-se sobretudo à cidade onde o evento se realiza. Quem visita Veneza, não estranhará a referência ao Leão de São Marcos, que aliás está presenta na bandeira da própria cidade das gôndolas.

Neste artigo, recuamos no tempo para lhe dar a conhecer alguns dos filmes que fazem parte da história do Venice Film Festival. Alheio aos sucessos de bilheteira, este festival mantém-se fiel à arte e distingue-se dos demais por premiar o cinema independente de várias partes do mundo. Entre os premiados, podemos dar o exemplo de realizadores como Kitano, Kurosawa, Godard, Kieslowskio ou Lynch.

Festival de Cinema de Veneza: filmes que ganharam o Leão de Ouro

Rashomon (Akira Kurosawa, 1950)

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O enredo de Rashomon é simples, ainda que simbólico: três viajantes discutem entre si o caso de um bandido que está a ser acusado de assassinatos violentos. Cada um dos três dá o seu parecer acerca dos factos que se sabe sobre o criminoso. Eventualmente, o filme comprova ser uma impressionante parábola sobre a relatividade e as suas facetas da verdade. Na Europa, começou-se ainda a ganhar consciência do contributo que o cinema japonês podia trazer ao mundo.

O filme demonstra ainda a paixão do realizador Kurosawa pelo cinema mudo e pela arte moderna. Incrivelmente, o filme Rashomon foi, no Japão, acusado de ser demasiado europeu. Mesmo assim, apesar de algumas polémicas, passou na Europa e, mais tarde, nos Estados Unidos, garantindo ao realizador japonês o seu lugar entre  os mais admirados realizadores do século XX.

Belle de Jour (Luis Bunuel, 1967)

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Protagonizado por Catherine Deneuve, Belle de Jour (A Bela e o Dia) é considerado como o maior sucesso internacional do realizador surrealista Luis Buñuel. No centro do enredo está Séverine Serizy, uma dona de casa que toma a decisão de se tornar numa prostituta. Controverso, Belle de Jour toca em temas tabu ao falar de questões como a sexualidade, a irracionalidade humana e o emergir do inconsciente.

Em destaque está também a relação da personagem de Catherine Deneuve com o marido, de quem esconde a decisão tomada. Satirizando os padrões sociais e aquilo que é tido como aceitável, Belle de Jour também é crítico em relação ao governo e religião. Além do Leão de Ouro, o filme foi nomeado para vários outros prémios, como o BAFTA de Melhor Atriz.

Red Desert (Michelangelo Antonioni, 1964)

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Em 1964, Michelangelo Antonioni, um dos fundadores do movimento pós-neo-realista italiano, realizou o seu primeiro filme a cores, Red Desert (Deserto Vermelho). O uso inovador de cor, especialmente os diferentes tons de vermelho, cinza e verde, contribuíram grandemente  para a aclamação do filme a nível internacional.

Antonioni já era conhecido pela sua trilogia composta por  L’Avventura, La Notte e L’Eclippse mas foi com o filme Red Desert que conseguiu adicionar uma nova camada visual á sua obra. O impulso deste filme é uma crítica à burguesia e à incapacidade de sair desta gaiola existencial. A história anda em redor de Giuliana, uma mulher infeliz e deprimida com a sua vida. O seu único conforto é a memória de uma praia do deserto distante. Para saber o resto, o melhor é ver o filme.

Aparajito (Satyajit Ray, 1956)

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Aparajito é um um dos filmes-chave que facilitou o crescimento da indústria cinematográfica indiana no século 20. O filme conta a história do jovem Apu que frequenta a Universidade de Calcutá graças aos sacrifícios feitos pela sua mãe, uma mulher que enviuvou muito cedo. À medida que cresce, Apu vê-se obrigado a enfrentar desafios como a doença da sua mãe e uma relação mal resolvida.

O realizador Satyajit Ray, um grande inovador do cinema indiano, assina este filme. Aparajito funde temas indianos tradicionais com as inovações do cinema europeu de vanguarda. O resultado é um filme linear e credível que brilhantemente retrata a Índia da década de 1920, um país prestes a lidar com grandes mudanças e transformações sociais. Uma comovente história de família, focada em questões importantes como a educação, o egoísmo e relações fraternas.

Three Colors: Blue (Krzystof Kieslowski, 1993)

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A morte é o fator que desencadeia uma mudança de vida. No filme de 1993, Three Colors: Blue, Kryzstof Kieslowski conta-nos a história de Julie Vignon – de Courcy, uma mulher que acaba de perder o filho e o marido. O drama abre as portas para abordar temáticas importantes, nomeadamente a da liberdade. Isolada do mundo, a personagem de Juliette Binoche acaba por se isolar do mundo como forma de lidar com a dor.

Three Colors: Blue faz parte de uma trilogia dedicada à bandeira francesa e ao simbolismo associado a cada uma das suas cores: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Da parte da realização, o filme faz questão de trabalhar a cor como ninguém, acentuando as tonalidades azuis como forma de aumentar a carga dramática do filme. A performance de Binoche é elogiada pelo lado emocional.

 

Hana-bi (Takeshi Kitano, 1997)

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Estamos em 1997 quando é lançado o filme Hana-bi, também conhecido como Fireworks, que consagrou o realizador japonês Takeshi Kitano no universo cinematográfico. Neste filme, são entrelaçadas as histórias de Nichi, um ex-polícia muito anti-social e inóspito que está veiculado aos Yakuza por causa de uma dívida. Com esta história cruza-se a de Horibe, um colega e amigo de Nichi, que está a enfrentar um grande drama familiar: o cancro terminal da sua mulher.

Hana-bi mostra de forma muito inteligente que a crueldade e ternura do mundo dos homens pode andar lado a lado. É isso mesmo que expressa o título que, do japonês, significa, literalmente, “fogo” e “flor“, ou violência e amor. Para contar toda a história, o realizador serve-se de um leque variado de imagens imprevisíveis, sequências de ação e uma banda sonora que não sai da cabeça.

The Great War (Mario Monicelli, 1959)

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Mario Monicelli é o realizador que assina a obra que é seguramente a mais aclamada do passado recente do cinema italiano. Como o próprio nome indica, o filme The Great War passa-se durante a Grande Guerra, a primeira que o mundo conheceu. No centro da história estão dois jovens com um humor peculiar.

O filme destacou-se por juntar temas que pareciam aparentemente opostos, abordando uma catástrofe mundial com algum humor à mistura. Há ainda lugar para toques de neorrealismo e para uma dose de drama, contrabalançada pela performance dos atores Alberto Sordi e Vittorio Gassman. Além do Leão de Ouro, The Great War foi venceu prémios italianos e foi nomeado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Atlantic City (Louis Malle, 1980)

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Este filme de 1980, que conta com a realização de Louis Malle, não só ganhou o Leão de Ouro como foi também nomeado para 5 Óscares. A ação acontece em Atlantic City – daí o título – numa altura em que a cidade se transforma.

Sally, a personagem principal, é um candidato a dealer de blackjack que sonha com a vida nos casinos da Europa. Na mesma história, conhecemos Lou, um ex-mafioso envelhecido à procura da sua prima desaparecida. Inevitavelmente, nesta cidade de luzes e jogo, as duas personagens cruzam graças a um pacote de drogas.

Louis Malle recusou-se a ser identificado como realizador da Nouvelle Vague francesa, o que explica por que razão o realizador decidiu seguir o seu próprio caminho cinematográfico.

The Way We Laughed (Gianni Amelio, 1998)

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The Way We Laughed, de Gianni Amelio, é sobre uma família e conta a história de dois irmãos sicilianos órfãos que decidem imigrar para a cidade de Turin. Num país saído tumultuoso, o filme passa-se no período de que medeia os anos de 1958 e 1964. O filme é conhecido pelos diálogos emotivos, pelas discussões intensas e pelo fim trágico.

Apesar de ter vencido o Leão de Ouro, o filme não chegou a ter uma grande receção por parte do público, nem da crítica. As maiores influências são neorrealistas e o filme foi protagonizado por Enrico Lo Verso e Francesco Giuffrida.

The Circle (Jafar Panahi, 2000)

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O filme The Circle marcou a estreia do iraniano Jafar Panahi no Venice Film Festival e distinguiu-se das restantes obras por contar a história de oito mulheres que viviam na cidade do Teerão. A obra mostra o Islão por dentro, pondo em destaque questões como que continuam na ordem do dia.

The Circle é também o reflexo da experiência pessoal de Jafar Panahi: em 2010, o cineasta foi preso por se ter manifestado contra o regime. Além de ter sido uma lufada de ar fresco, o filme foi capaz de transpor para o ecrã uma narrativa emocional, capaz de evidenciar as tendências do cinema iraniano.

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