Submarine: uma comédia com a quantidade certa de drama (ou vice-versa)
Oliver Tate tem 15 anos e dois objetivos a curto-prazo: perder a virgindade até ao próximo aniversário, e acabar com o romance da mãe com um antigo namorado que recentemente voltou surgir na sua vida. As premissas podem até parecer simples, mas é sobretudo à volta delas que se desenrola Submarine, um filme de 2010 que junta a quantidade certa de drama e romance a uma comédia intemporal sobre a adolescência.
A obra está repleta de momentos de humor que, não sendo completamente negro, também não se enquadra no género que vulgarmente vemos em filmes teen. Submarine entranha-se pela estranheza do seu personagem principal e pela forma como a narrativa se vai construindo. Com ligeiros toques non-sense, o filme mostra-nos a vida de um jovem reservado, mas com uma criatividade que se estende muito além das paredes do seu quarto.
Através da perspectiva única de Oliver Tate, interpretado pelo britânico Craig Roberts, recuamos até aos anos 80, rumo à cidade de Swansea, no País de Gales, onde se passa toda a narrativa de Submarine. O filme resulta da adaptação ao cinema do com o mesmo nome, publicado em 2008, por Joe Dunthorne. Na sua origem, Submarine é um conto que procura brincar com assuntos como a educação, sexo e a morte.
Posto isto, o filme resulta de uma série de enredos cruzados que têm como elemento comum a figura de Oliver Tate. Entre as várias peripécias, destacam-se o envolvimento com Jordana Bevan (Yasmin Paige), uma miúda por quem se sentia atraído e que mais tarde se tornou sua namorada; o pai, deprimido, interpretado por Noah Taylor; a mãe, na figura de Sally Adams, e o respectivo ex-namorado, um guru com um estilo um tanto ao quanto excêntrico.
As peripécias, embora algo dramáticas, são contadas e vividas de forma tão peculiar que é impossível não as achar divertida. É com elas que nasce uma grande proximidade entre o personagem e o espectador, que à medida que o filme avança se vai identificando ou porque é adolescente ou porque já foi.
Submarine: realização, crítica e banda sonora
Além da história e da interpretação de Craig Roberts, Submarine deve muito do seu sucesso à realização. O filme foi o primeiro trabalho cinematográfico de Richard Ayode, que conseguiu transmitir uma atmosfera que se enquadra na perfeição com os personagens. Na altura, o realizador foi mesmo capaz de chamar a atenção dos críticos, que o colocaram no lugar de alguém a manter debaixo de olho nos próximos anos.
A banda sonora do filme tem a assinatura de Alex Turner, vocalista dos Arctic Monkeys e dos The Last Shadow Puppets, bandas que anteriormente tinham trabalhado com Ayode, em videoclips como Fluorescent Adolescent, Crying Lightning e My Mistakes Were Made for You.
De destacar ainda o facto de Submarine ter despertado críticas bastante positivas, principalmente por se distanciar do estilo de filme teen a que estamos habituados. A obra destoa pelo seu lado divertido, conciliado com um estilo inovador e a verdade adolescente que era capaz de transmitir.
De acordo com Rogert Heber, “Submarine não é uma comédia adolescente sobre sexo”, pelo contrário é um filme de repleto de recursos estilísticos que “não tenta desesperadamente ser inteligente”. Um início sólido para o jovem realizador, salienta o crítico, elogiando a sua visão mais fresca no tratamento dos temas da adolescência.