No início de 2015, quando o streaming era já forte nos Estados Unidos – a Netflix já estava bem instalada no mercado – e se começava a alastrar pela Europa, a Amazon avançou com uma grande novidade: depois do sucesso tremendo da sua primeira série original, produzida pelos Amazon Studios, a multinacional líder em e-commerce estava decidida a dar um passo em frente para a produção de filmes, esperando acompanhar a produção de conteúdos originais do Netflix.
De acordo com o comunicado emitido pelos estúdios da Amazon, a ideia passava por adquirir e produzir ideias originais de filmes para serem distribuídos pela Amazon Prime Instant Video. Assim que a notícia foi anunciada no dia 19 de janeiro de 2015, o mundo mostrou-se ansioso para perceber como é que tal sistema resultaria e se os conteúdos produzidos pelos Amazon Studios seriam dignos de ir ao cinema ou pelo menos de subscrever o seu serviço de streaming.
O plano anunciado pela Amazon, em 2015, passava por produzir cerca de 12 filmes por ano, projetos de estilo indie com orçamentos que variassem entre os 5 milhões de dólares e os 25 milhões por título. A partir do momento em que ficassem finalizados, os filmes passariam a integrar o catálogo da Amazon Prime Instant Video – o serviço de streaming da Amazon – cerca de quatro a oito semanas após chegarem aos cinemas.
Mais de dois anos passados desde o anúncio da Amazon, quisemos perceber de que forma os planos da gigante do e-commerce resultaram. De forma geral, constatamos que até à data em que este artigo foi escrito tinham sido lançados com sucesso 16 filmes originais da Amazon.
O primeiro título a chegar ao cinema foi Chi-Raq, com estreia marcada a 4 de novembro de 2015. Tratando-se de um filme musical, que mistura sátira com drama, o filme foi muito bem recebido e considerado um sucesso para o lançamento desta nova faceta da Amazon. Em 2015 não foi lançado nenhum outro título, ainda que muitos planos estivessem feitos para o ano seguinte.
Entre os títulos lançados é importante realçar alguns deles, como é o caso de Elvis & Nixon – um filme que conta com a participação de Kevin Spacey, que veste a pele do Presidente Nixon, num encontro com o mítico cantor de rock Elvis Presley (vivido por Michael Shannon). O filme, que recebeu críticas razoavelmente positivas, foi a primeira produção de luxo que a que o público assistiu: quer por se tratar de um filme histórico, quer pelo elenco que trouxe.
Em julho, foi a vez de estrear o filme Café Society – realizado por Woody Allen – que entre outros contou com a participação de atores como Steve Carrell, Jeannie Berlin, Jess Eisenberg, Kristen Stewart, entre outros. Produzido em parceria com o Lionsgate, o filme rendeu cerca de 43 milhões de dólares e críticas positivas.
Ainda assim, a grande vitória dos Amazon Studios até agora é o filme Manchester by the Sea. O filme, que contou com a interpretação de Casey Affleck no papel principal, valeu aos estúdios os seus primeiros dois Óscares num filme de ficção: um Óscar em melhor argumento original e outro por melhor ator em papel principal. Além das categorias que venceram, o filme esteve nomeado para 4 outras categorias, incluindo Melhor Filme.
Um outro vencedor da noite dos Óscares foi o filme The Salesman, que venceu na categoria de Melhor filme de língua estrangeira, um filme iraniano produzido pela Amazon que conta a história de uma relação que azeda após os protagonistas interpretarem a peça de teatro Death of a Salesman, de Arthur Miller.
Este é o balanço do trabalho de um ano da Amazon Studios. Nos próximos meses temos a certeza de que novos filmes nos serão apresentados pelos estúdios da Amazon e que a probabilidade de brilhar novamente na noite dos Óscares será muito alta.