Donald Trump não tem muitos amigos em Hollywood
No dia 8 de janeiro de 2017, Meryl Streep subiu ao palco do Hotel Beverly Hilton, durante a entrega dos Golden Globes Award, e fez um discurso que deu que falar e promete ficar guardado para a história. Perante uma sala que reunia personalidades ilustres do mundo das artes do espectáculo, a atriz distinguida já com três Óscares demonstrou o seu desagrado com a América que votou em Donald Trump.
Num discurso onde fala do medo e ódio que Trump está a incitar na população americana, e onde refere o episódio em que o Presidente Eleito ridicularizou um jornalista com deficiências motoras em frente às câmaras, Meryl Streep deixou clara a sua mensagem: desrespeito convida a desrespeito. Os aplausos que se sucederam parecem não deixar margem para dúvidas de que naquele momento Meryl Steep deu voz a toda a comunidade artística dos Estados Unidos. Ou pelo menos a um grande maioria.
A oposição que Donald Trump tem recebido por parte das elites artísticas dos Estados Unidos é um caso inédito na história norte-americana, pelo menos na escala em que se tornou. Após termos noticiado no Mundo de Músicas a dificuldade que Trump teve para conseguir o apoio de músicos durante a sua campanha eleitoral – muitos artistas recusavam mesmo que Trump usasse as suas músicas em eventos – seguiu-se a saga da Gala Inaugural do Presidente. Durante semanas foram muitos os artistas que recusaram atuar durante o evento que inaugura a presidência de Trump ou a cancelarem a participação quando esta estava ainda em fase de negociações, como se sucedeu com Andrea Bocelli.
As artes cultas parecem estar unidas contra Trump e a formar uma resistência sem precedentes. No dia 11 de janeiro de 2017, um grupo de atores uniu-se mesmo para interpretar a música I Will Survive de Gloria Gaynor numa demonstração de protesto contra Trump. E esta foi apenas mais uma manifestação.
Meryl Streep
Já mencionamos anteriormente neste post o desagrado de Meryl Streep para com o comportamento de Donald Trump. No discurso que fez na entrega dos Golden Globes 2017, a atriz sublinhou que houve “uma atuação este ano que me deixou sem palavras. Não porque tenha sido boa. Foi aquele momento em que a pessoa a pedir para ocupar o lugar mais respeitado no nosso país imitou um jornalista com deficiência.” Numa dura crítica, a atriz condenou a humilhação feita por Trump, reiterando que o “desrespeito convida o desrespeito. A violência incita a violência”.
Johnny Depp
Johnny Depp, que interpretou Trump no vídeo de paródia do canal Funny or Die, partilhou com a imprensa a sua opinião acerca do Presidente Eleito. “Há algo de fingido nele”, disse Depp. “Há algo criado à volta dele que transmite a sensação de bully”. O ator vai ainda mais longe, afirmando que Donald Trump no fundo é nada mais do que uma criança mimada.
Robert De Niro
O ator nova-iorquino Robert De Niro já revelou a sua opinião acerca de Donald Trump em múltiplas ocasiões, tendo-o descrito como “completamente louco”. Entretanto, De Niro critica ainda os apoiantes do Presidente Eleito, recusando-se a perceber o que veem no homem que venceu as eleições norte-americanas. Durante a campanha presidencial, apoiou oficialmente Hillary Clinton.
Lena Dunham
A atriz, argumentista e realizadora Lena Dunham – conhecida pela série Girls da HBO – foi também uma das apoiantes de Clinton. Na convenção Nacional Democrata, em julho de 2016, a atriz relembrou as ofensas feitas por Donald Trump à integridade das mulheres, considerando ainda que a sua perspetiva do papel da mulher na sociedade é retrógrada e profundamente machista.
America Ferrera
A atriz latina America Ferrera – que se tornou especialmente conhecida depois do sucesso da série Ugly Betty – escreveu uma carta aberta a Donald Trump, publicada no jornal Huffington Post. Numa perspetiva muito pessoal, a atriz agradeceu a Trump pela sua “retórica cheia de ódio” face a imigrantes mexicanos porque apenas os deixou decididos a votar por outros candidatos. A atriz ainda acusou Trump de viver numa fantasia fora de prazo de uma América intolerante.
Jennifer Lawrence
“Se Donald Trump for eleito presidente dos Estados Unidos, vai ser o fim do mundo”. Foi com esta afirmação que Jennifer Lawrence respondeu a uma entrevista da Entertainment Weekly, em Outubro de 2015. Ao seu lado, Liam Hemsworth e Josh Hutcherson não a contrariam e ainda completaram: “É um jogada publicitária”, disse Josh. “Não pode ser verdade”.
Samuel L. Jackson
O ator norte-americano envolveu-se numa disputa com Donald Trump no Twitter, em janeiro de 2016, acusando-o de ter colocada as despesas de uma partida de golfe na sua conta, após se terem encontrado para um jogo. Trump negou conhecer o ator e acabou por bloqueá-lo no Twitter na sequência de tais alegações. Já Samuel Jackson insistiu que Trump tinha, de facto, jogado golfe consigo e que além disso era um batoteiro.
Ben Stiller
O comediante Ben Stiller admitiu estar surpreso por Trump ter conseguido aguentar a sua campanha até ao fim “com a retórica que tem posto a circular”. Para o ator, o Presidente Eleito é “como um vilão num filme Naked Gun ou algo do género. Não o consigo levar a sério, mas algumas pessoas estão e isso é simplesmente loucura.”
George Clooney
O ator George Clooney também não poupou Donald Trump a duras críticas. Numa entrevista concedida ao The Guardian, em março de 2016, o ator condenou as propostas de Trump para banir muçulmanos dos Estados Unidos. Ainda assim, admite que nas campanhas eleitorais “as vozes que falam mais alto são as mais extremistas”. Clooney atreve-se ainda a ir mais longe, chamando Trump de “xenófobo fascista”.