Eyeborg: Este homem instalou uma câmara de filmar no olho
Quando era criança Rob Spence sofreu um acidente que o deixou cego do olho direito. A sua visão, no entanto, não se deixou encurtar por esta limitação. Quando a ânsia de trabalhar no meio audiovisual o conduziu ao mundo das câmaras de filmar, Rob Spence percebeu que poderia converter a sua deficiência em algo inovador e criativo.
Comecemos pela história trágica (e caricata) de Rob Spence. Natural do Canadá, o jovem Rob teve o seu olho direito removido depois de disparar contra uma pilha de bosta de vaca. Sem querer, acabou por disparar para si mesmo, acertando de raspão no olho. O acidente que lhe roubou a visão do olho direito, no entanto, podia ter sido bem mais grave. O realizador canadiano tinha, então, 9 anos.
Ao longo da sua vida Rob Spence aprendeu a viver com a sua limitação. No entanto, aos 41 anos percebeu que podia fazer algo de muito diferente. O quê? Instalar uma câmara de filmar no lugar do globo ocular.
O Eyeborg é uma prótese ocular e assemelha-se ao olho esquerdo de Spence (na cor e na dimensão da retina). No entanto, conta com um pormenor diferente de qualquer outra prótese ocular: uma câmara de vídeo.
Em declarações ao New York Post, Rob Spence recorda que, quando se combinar uma prótese com uma câmara, “todos, literalmente todos — mesmo os médicos –, pensavam que estava a brincar com eles, que era um piada”.
A questão é que não era.
Mas o Eyeborg, ainda que signifique uma superação da limitação de Rob Spence, conta com as suas próprias limitações. Uma vez que a câmara não está ligada ao nervo ótico, apenas poderá ver o que grava através de radio-transmissão, num tablet, por exemplo, em tempo real. Entretanto, a câmara, uma vez acoplada à prótese, apenas grava durante curtos períodos de tempo. Um problema grave é o seu sobreaquecimento que obriga à sua remoção.
A vida e as rotinas de Rob (e do seu olho-câmara), que até gosta mais de ser tratado como Eyeborg do que por Rob, vai fazer parte de um documentário da Showtime, uma espécie de reality show, com o nome de Dark Net.
Rob Spence reconhece que o Eyeborg terá vantagens, permitindo-lhe realizar entrevistas “mais íntimas” e sem necessidade da “intromissão de câmaras volumosas e equipas de rodagem”. O aparelho traz ainda questões éticas, que importa discutir — e Rob fá-lo-á em Dark Net –, sobretudo no que respeita à “privacidade”, podendo ser uma invenção “desconfortável para quem é filmado, na rua, a tempo inteiro”.