Arrecada Brasil lança documentário sobre a ilegalidade dos jogos de azar
O Brasil está a perder milhares de milhões de reais todos os anos e não se dá conta. A proibição oficial da atividade dos bingos no Brasil, em 2007, gerou um grande impacto negativo na arrecadação do Estado que já se vinha a acumular há muitos anos.
Muitos já não se recordam, mas a situação dos jogos de azar no Brasil já remonta ao ano de 1943, quando o Presidente Eurico Gaspar Dutra promulgou o decreto-lei 9215 que tornou contravenção penal a prática de jogos de azar no Brasil. O presidente terá atuado seguindo os conselhos da sua própria esposa acerca da imoralidade das práticas do jogo.
Até hoje, a legislação manteve-se inalterável. No entanto, desde a proibição estima-se que o poder público deixou de arrecadar mais de 350 mil milhões de reais em impostos, montante que poderia ter sido aplicado diretamente em benefícios para a sociedade nos âmbitos municipal, estadual e federal, sem contar com os milhares de empregos diretos e indiretos que o setor deixou de gerar.
Num momento crítico da economia, marcado pela necessidade do governo em equilibrar as suas contas e pela necessidade de gerar postos de trabalho, foi aprovado no Senado Federal a regulamentação da Lei 2.254/2007 sobre a atividade dos Bingos no Brasil, ilegalizando também esta prática.
Entretanto, nem os jogos de azar ou os bingos deixaram de existir: ainda há espaços onde é possível jogar de forma clandestina e ilegal. A questão é que estes estabelecimentos não geram renda para o país e um grande potencial continua por aproveitar.
Basta olharmos para outros países, como os Estados Unidos, para termos uma noção do que a arrecadação dos jogos significava para as contas do país. Aliás, segundo a World Lottery Association – WLA, são movimentados mais de 339,8 mil milhões de dólares americanos anualmente em todo o mundo.
De forma a dar a conhecer esta situação a toda a população brasileira – e até mesmo estrangeira – e estimular um debate sobre a validade de tal legislação a Arrecada Brasil, em parceria com a Idealista, lançou o documentário “Por que não?”. Sem tomar lado nenhum neste debate, tudo o que o documentário faz é apresentar dados e testemunhos que provam o impacto da legislação e, a partir daí, dar-lhe tudo o que precisa para formar uma opinião acerca do assunto.
O debate encontra-se disponível na Internet e pode ser visualizado abaixo:
“Usamos os princípios da reflexão em vez de uma campanha que imponha uma certeza ou uma promessa. Mais do que isso, fomos investigativos para entender o que está por trás da premissa funcional e económica da causa, mostrando os benefícios reais a um país que precisa de arrecadação”, disse Silvio Matos, presidente da Idealista e produtor do documentário, em declarações à imprensa.
A Idealista não recorreu a uma campanha tradicional para estimular este debate polémico. Em vez disso, optou por desenvolver um documentário para explorar o tema em profundidade. “A ideia é que o documentário seja o ponto de partida de uma série de movimentos de reflexão dos impactos da legalização de jogos no Brasil. Queremos manter uma discussão aberta e colaborativa com especialistas e pessoas da sociedade, criando uma base de relacionamento e informação com as pessoas”, acrescentou o responsável pelo projeto.