Ramona, livros no cinema e a questão dos direitos de autor
Nos dias que correm, a maior parte dos filmes que chegam às salas de cinema são adaptações cinematográficas de livros best-sellers internacionais já bem conhecidos do público. Nomes como Harry Potter, O Senhor dos Anéis, a saga O Padrinho e até mesmo Guerra e Paz foram obras mostradas em livros antes de se tornarem grandes êxitos cinematográficos. Mas, antes de qualquer um destes, houve um pioneiro a explorar este filão.
Em 1910 o realizador norte-americano D. W. Griffith decidiu adaptar para cinema o romance Ramona, da autora Helen Hunt Jackson. O livro, escrito em 1884, tem como cenário o sul da Califórnia, nos dias após a guerra Américo-Mexicana e retrata a vida de uma rapariga orfã, descendente de escoceses e americanos, que sofre de discriminação racial.
Embora já outros filmes se tivessem inspirado em obras literárias, esta foi a primeira vez que se levantaram questões relativas aos Direitos de Autor. Para que o filme fosse realizado, foi necessário entrar em contacto com a Little, Brown & Company, a editora responsável pelo livro de Helen Hunt.
Porquê adaptar esta história? Por esta altura, já se começava a pensar também em lucro no cinema. O livro tinha sido um êxito de vendas, atingindo a publicação de mais de 15 mil cópias em apenas 10 meses. A adaptação cinematográfica consistiu com cerca de 17 minutos de filme (mudo e a preto e branco), algo que hoje seria raro na adaptação cinematográfica de qualquer livro.
O sucesso da película, e o facto de que ajudava a combater profundamente as assimetrias sociais, foi motivo suficiente para que o livro fosse adaptado mais 3 vezes para a arte cinematográfica.