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Aparelho Voador a Baixa Altitude: uma utopia com elenco nacional

Aparelho Voador a Baixa Altitude: uma utopia com elenco nacional

by Goreti Teixeira

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Um gesto de coragem e revolta num mundo prestes a ficar vazio. Que futuro está guardado para a raça humana? É esta a premissa de , o filme da realizadora sueca Solveig Nordlund, que adapta a obra homónima de ficção científica do escritor J. G. Ballard. Com um elenco que conta com atores portugueses conceituados é contada uma história surpreendente sobre o futuro da raça humana.

No mesmo ecrã encontramos Miguel Guilherme, Margarida Marinho, Canto e Castro, Isabel de Castro, Rui Morrison, entre outros. Mas as personagens a quem estes atores dão vida fogem a todos os parâmetros da ficção nacional a que estamos habituados. A humanidade altera-se de um dia para o outro e as personagens são obrigadas a lidar com essa nova realidade tão assustadora.

A situação do mundo é de puro caos. Os pequenos países da Europa começam a ser evacuados e a população é reunida em algumas das grandes cidades. Não é difícil imaginar as causas que estão a levar o mundo a ficar vazio: alimentares, científicas ou ambientais. Somados todos os fatores, espera-se que a raça humana em Aparelho Voador a Baixa Altitude seja extinguida da Terra no espaço de uma geração.

Fascinada pelas visões futuristas de Ballard, não é a primeira vez que a realizadora Solveig Nordlung adapta para o grande ecrã histórias do mais conceituado escritor de ficção. Mas foi em Troia, após ter sido convidada para apresentar um dos seus filmes, que descobriu o cenário ideal para dar vida a Aparelho Voador a Baixa Altitude. O título original de uma obra que não se situa no espaço ou a milhares de anos de distância, mas sim próximo do tempo real.

A extinção da raça humana

Imagine que daqui a uma geração os humanos acabariam extintos e uma outra raça ocupava o mundo. É esta visão futurista da nossa sociedade retratada em . Os humanos estão a caminho da extinção. As causas podem ser muitas, mas a verdade é que as mulheres já não engravidam.

A população está envelhecida, a taxa de nascimentos diminuiu num ápice devido a um controlo genético rigoroso. O estranho da situação é que as mulheres que acabam por engravidar só concebem mutações que são de imediato abortadas. Mas uma mulher decide contrariar as leis vigentes e acaba por engravidar pela sétima vez. Judite Foster (Margarida Marinho) é uma fisioterapeuta fértil que engravidou seis vezes mas que foi obrigada, pela lei, a abortar. Os exames médicos acusaram que o embrião se tratava de um mutante, ao qual as autoridades chamavam de Z.O.T.E.

 

No entanto, ela e o marido decidem tentar novamente, mas desta vez Judite recusa-se a fazer os testes de gravidez, pois acredita que a causa das mutações dos fetos reside nesses mesmos testes. Apesar de não ver grande lógica na ideia da mulher, André (Miguel Guilherme), com a ajuda de um amigo, decide levar Judite para um hotel numa pequena e decadente estância de veraneio, onde não existem polícias nem leis. Aí, Judite fica ao cuidado do Dr. Gould (Rui Morrison), um homem misterioso que faz voos frequentes num pequeno avião.

Contudo, a situação ganha contornos estranhos, principalmente quando o bebé começa a dar pontapés tão fortes que quase parecem ter a intenção de magoar a mãe. É então que ela começa a temer que carrega dentro de si um monstro, chegando mesmo a desejar a sua morte. O nascimento, a morte, a vida e o futuro entrelaçam-se quando Judite dá à luz um ser que nada tem a ver com um humano. E só neste momento que o casal se apercebe dos voos de Gould e que é ele que detém a chave da sua salvação.

A solução é estranha e animadora, pois um novo mundo está a nascer e Judite e André acabaram por dar o seu contributo na sua criação. Um mundo com seres diferentes, uma língua e um vocabulário distintos que encontram o seu caminho através das rotas traçadas por Gould nos seus voos. Estradas de cor florescente que os diferencia do comum dos mortais. Judite e André acabam por partir sozinhos, mas sabem que o seu filho ficará bem e não será morto pelas autoridades.

De toda a filmografia de Nordlung fazem parte outras peliculas que contaram com a presença de atores nacionais das quais se destacam: Nem Pássaro Nem Peixe, de 1978; Até Amanhã, Mário, de 1994; António Lobo Antunes, de 1997; e Comédia Infantil e Uma Voz na Noite, ambos de 1998.

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