10 filmes que inicialmente foram considerados fracassos
Dizer que um filme é um fracasso é algo que pode correr mal. Isto porque raras não são as vezes em que películas que inicialmente passam despercebidas acabam por se tornar grandes sucessos. O reconhecimento pode chegar por vários motivos: ora porque o filme se tornou num clássico da TV, ou por ser tão inovador que só anos depois é que o seu valor é apercebido.
Neste post, apresentamos-lhe uma lista de 10 filmes que, na altura em que foram lançados, passaram entre os pingos da chuva. Embora a maioria esteja longe de ser considerada um sucesso de bilheteira, a verdade é que o contributo deixado é maior do que qualquer valor monetário. Continue a ler e descubra grandes obras cinematográficas que inicialmente foram catalogadas como enormes fracassos.
10 filmes que inicialmente foram considerados fracassos
1 – Fantasia (1940)
Durante a época de ouro do cinema de animação, Walt Disney – o homem por detrás dos maiores estúdios de animação – fez de tudo para que a sua equipa criativa pressionasse todos os limites da imaginação, desafiando-os a contar as histórias que ainda estavam por contar e a alimentar o sonho de crianças e adultos por todo o mundo. Assim, na década de 40, contam-se algumas das histórias mais emblemáticas da Disney: Branca de Neve, Pinóquio, Dumbo e até mesmo Bambi. E é por esta altura que chega também aos cinemas Fantasia.
Fantasia continua a ser, provavelmente, o filme mais artístico alguma vez feito pela Disney. Mais do que contar uma história, o filme é um verdadeiro espetáculo visual, onde a imagem se encaixa na perfeição com todas as cores que passam pelo ecrã e parecem convencer o espectador de que a magia, afinal de contas, existe. Pela primeira vez, podia-se ver no ecrã dinossauros a cores, numa réplica daquilo que tinham mesmo sido.
Apesar se ser hoje visto como um dos melhores filmes de todos os tempos, Fantasia foi, na altura do seu lançamento, alvo de inúmeras críticas. Lançado numa época em que o mundo tremia devido à maior guerra de que há história, o filme contava com um terrível monstro que inspirou os pesadelos de muitas crianças que, por si mesmas, já tremiam com o que lhes contavam sobre a guerra. Os pais, por outro lado, viam na figura do vilão Night on Bald Mountain uma figura satânica. Agora, quem olha para a personagem, reconhece sem dúvida que inspirou muitos mestres do suspense e horror, como o próprio Stephen King o admitiu.
2 – Citizen Kane (1941)
Lançado no início da década de 40, Citizen Kane marcou a estreia de Orson Welles no cinema. Na época o filme foi considerado ‘overrated’ e as críticas foram na sua grande maioria negativas: flop foi uma palavra frequentemente usada. O reconhecimento chegou cerca de 20 anos mais tarde, altura em que a obra cinematográfica finalmente convenceu. Especialistas explicam que o principal motivo para o sucesso tardio está relacionado com o caráter inovador do filme, descrito como ‘à frente do seu tempo’.
Considerado como um dos melhores (senão o melhor) filmes de sempre, Citizen Kane demarcou-se pela sua intemporalidade. Mais do que uma história sobre um repórter, o filme é uma narrativa sobre aquilo que nos define enquanto seres humanos. Visionário, genial e incrivelmente atual são adjetivos que definem uma obra cinematográfica que derrubou as barreiras do tempo para se transformar num marco da sétima arte.
3 – Vertigo (1958)
Olhamos hoje para Vertigo como um dos maiores clássicos de Alfred Hithcock. Também conhecido como A Mulher que Viveu Duas Vezes, este é um filme que nos apresenta um enigma, à boa moda de Hitchcock. Só que, em vez de nos deixar a tremer na cadeira até ao último momento, descobrimos quem é o assassino e grande responsável pelo mistério perto do meio do filme. Isto, por si só, rompia com o modelo seguido até então pelos thrillers. O resultado foi uma audiência muito insatisfeita e críticas extremamente negativas, porque na altura as pessoas pareciam não estar prontas para este tipo de filme.
Tal como aconteceria dois anos mais tarde, com Psycho, Hitchcock decide quebrar as expectativas dos espectadores e levá-los por outro caminho. Fazendo-os acreditar, a meio do filme, que Madeline está de facto a ser possuída pelo fantasma de Carlota, descobrimos nos últimos instantes que as aparências iludem mais do que parece. Afinal, todo o drama psicológico e o crime cometido foi culpa de um homem e da sua obsessão paranoica. Atualmente, Vertigo é aplaudido e considerado um dos melhores trabalhos do realizador.
4 – Apocalypse Now (1979)
Realizado por Francis Ford Coppola, Apocalypse Now constitui um ponto de viragem nas áreas da edição, cenografia e sound design. O filme passa-se durante a Guerra do Vietname e conta a história de Captain Benjamin L. Willard (Martin Sheen). Enviado numa missão para o Cambodja, o militar é incumbido de matar o coronel Walter E. Kurtz (Marlon Brando), um inimigo que se consagrou como um deus de uma tribo local.
A narrativa é só um ponto de partida para uma obra que ultrapassa o valor da história que conta. Ao longo de cerca de duas horas de cenas visualmente estonteantes, confrontamo-nos com o lado animal do homem e com uma série de subtilezas psicológicas que oscilam entre o racional e o obscuro. Demasiado complexo para as massas, o filme não foi um sucesso de bilheteira. Ainda assim, o trabalho feito foi mais do que suficiente para influenciar todos os filmes bélicos que se seguiram. Apesar das críticas, Apocalypse Now venceu dois Óscares em categorias técnicas.
5 – Blade Runner (1982)
Blade Runner: Perigo Iminente é hoje aclamado como uma das melhores obras cinematográficas de Ficção Científica. A ação segue um homem, interpretado por Harrison Ford, incumbido de uma missão: perseguir e terminar com a excursão de uma nave espacial que tenta regressar à Terra com um terrível propósito. Apesar do tema do Espaço ser, nesta época, bastante discutido – temos, por exemplo, filmes como Star Wars e E.T lançados na mesma década – as pessoas não estavam prontas, em 1982, para um filme que envolvesse tanta ação e apresentasse um cenário distópico tão obscuro.
Porém, o filme Blade Runner amadureceu com o tempo junto a uma audiência diversificada. Gradualmente conseguiu tornar-se num filme de culto, aumentando a sua base de fãs de ano para ano. A TV por cabo e os leitores de VHR, que se vulgarizaram nesta altura, ajudaram também à divulgação e consumo desta obra clássica. Em 1992, o realizador Ridley Scott chegou mesmo a lançar uma versão alargada do filme que mereceu a atenção de todos os fãs.
6 – Once Upon a Time in America (1984)
A maior façanha de Once Upon a Time in America (Era Uma Vez na América) é a capacidade de capturar como ninguém a tragicidade da existência humana. Sofisticado e elegante, o filme é consensualmente considerado como difícil. Com várias camadas de complexidade, Once Upon a Time in America acompanha um antigo gangster que regressa a East Side, 30 anos depois de ter deixado Manhattan. De regresso, é obrigado a confrontar antigos fantasmas e a rever algumas decisões da sua vida.
O filme demorou 10 anos a ser conseguido e tinha inicialmente quatro horas. Para que pudesse ser exibido nos cinemas, Once Upon a Time in America teve de ser cortado pela metade, ficando apenas com cerca de duas horas. Tal facto poderá ter sido o principal motivo para que a obra se tenha tornado incompreendida e num fracasso. Com os cortes, a história perdeu grande parte do sentido e só recentemente, em 2014, é que pudemos ver a versão completa. Atualmente, o filme é considerado como uma das obras mais importantes do cinema.
7 – The Shawshank Redemption (1994)
Acreditem ou não, o filme The Shawshank Redemption foi um grande fracasso nas salas de cinema, quando estávamos então no ano de 1994. Fosse pelo título pouco atraente ou pelo tema do próprio filme, que tem lugar numa prisão, as expectativas da equipa de realização ficaram muito aquém do esperado. Mas eis então que, gradualmente, a base de fãs foi crescendo, comprovando o sucesso do realizador Frank Darabont.
Inspirado num romance de Stephen King, o filme The Shawshank Redemption tem como foco principal a história de dois homens, encarcerados há anos numa prisão, que se relacionam entre si e prometem não desistir de ter esperança. Com um enredo fascinante, a história do filme diverge do enredo do livro, apresentando-nos um final mais feliz, se assim o podemos dizer.
8 – Crash (1996)
Ao falarmos de Crash não nos referimos ao vencedor do Óscar de Melhor Filme em 2004 mas sim ao filme que, oito anos antes, venceu vários prémios no Festival de Cannes por ser provocador e apresentar um tema controverso. Ainda assim, apesar da aclamação no festival de cinema, as audiências não aplaudiram especialmente o filme, considerando que a combinação dos elementos em questão era no mínimo estranha. Estranhamente, um inquérito recente feito pela revista Total Film percebeu que o filme de Cronenberg figurava na posição 19 dos 100 melhores filmes de todos os tempos.
Crash conta-nos a história de um realizador televisivo que sofre um acidente de viação e é introduzido a toda uma nova realidade de prazer e descoberta sexual. Tudo acontece quando descobre que existe uma subcultura, constituída por outras vítimas de acidentes de carro, que usam a sua energia sexual e a dor do acidente para rejuvenescer as suas vidas sexuais.
9 – Fight Club (1999)
Tido como um dos clássicos mais recentes da história do cinema, Fight Club (Clube de Combate) estreou no ano de 1999, mas foi engolido por filmes que abordavam temas ligados à chegada do novo milénio. De cenários apocalíticos a histórias sobre a necessidade de abrir os olhos para o mundo, foram muitas as obras que aproveitaram o ano 2000 para captar o interesse do público. São disso exemplo filmes como American Beauty, Matrix, Magnolia ou o Sexto Sentido.
Protagonizado por Brad Pitt e narrado por Edward Norton, Fight Club é elogiado pela forma como explora a narrativa e nos deixa a pensar sobre as decisões que tomamos. Nomeado para os Óscares de 1999, o filme foi considerado como o concorrente direto de American Beauty (embora num estilo completamente diferente). Olhando para trás, podemos dizer que o filme envelheceu melhor do que o seu rival, criando um verdadeiro fenómeno de culto em torno de si mesmo.
10 – The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford (2007)
O realizador australiano Andrew Dominik fez um western sobre um herói que é vítima das obsessões da sua base de fãs. Para além das incríveis imagens e da banda sonora, o filme conta com um elenco de luxo, com nomes como Brad Pitt, Mary-Louise Parker e Casey Affleck. Porém, as audiências de O Assassínio de Jesse James pelo Cobarde Robert Ford deixaram muito a desejar. No futuro, espera-se que este seja um dos filmes que, com o tempo, prove o seu valor.
A história deste western gira à volta de um homem, Robert Ford, que desde criança aprendeu a idolatrar Jesse James, o líder de um infame gangue do Missouri. Porém, assim que consegue um lugar ao serviço do fora-da-lei, Robert Ford começa a perceber que aquilo que sentia pelo líder do bando não corresponde, na verdade, ao que pensava. É esse mesmo ressentimento que dá lugar à ação do filme.
Muito bom, grande artigo, parabéns! Desconhecia que Fantasia não tinha sido um sucesso na época da estreia!!! Curiosamente 3 dos filmes mencionados na lista, fazem parte do meu top 10 de filmes favoritos 🙂 Vertigo, Era Uma Vez na América, e Blade Runner
Olá Daniel Bapatista,
Obrigado pelo comentário e esperamos que tenha mesmo gostado do post!
Cumprimentos