Memórias de uma Gueixa: um tributo a uma arte esquecida
O realizador Rob Marshall já nos tinha apresentado com grande sucesso o musical Chicago quando, em 2005, regressou aos cinemas com a adaptação tão aguardada do best-seller Memórias de uma Gueixa, da autoria do norte-americano Arthur Golden. Numa obra cinematográfica com mais de duas horas e meia de duração, é retratado o Japão alguns anos antes do eclodir da II Guerra Mundial e sobre os olhos de uma gueixa.
Para quem não conhece o termo (ou julga que conhece mas tem a noção errada), fazemos rapidamente uma explicação. Frequentemente confundidas com prostitutas, as gueixas são mulheres de origem japonesa educadas para dedicar a vida à tradição milenar da nação. Incorporam tudo aqui que honra o Japão, desde a dança ao canto, passando pelos trajes tradicionais que usam com toda a elegância e a maquilhagem distinta que faz delas verdadeiras obras de arte.
No filme As Memórias de uma Gueixa, assistimos à ascensão de uma pequena rapariguinha japonesa que de uma mera criada ascende a gueixa e assiste ao declínio da sua arte durante e após a II Guerra Mundial, sendo no final obrigada a encarar um terrível dilema. Neste post, caminhamos então pelo Japão dos anos 30 e 40 do século XX, apreciando a arte das gueixas como espectadores ávidos por mais.
Memórias de uma Gueixa: da escravatura à arte
Como disse acima, o visual único e apelativo de Memórias de uma Gueixa transporta a audiência para o período da Segunda Guerra Mundial, envolvendo-nos na história de Chiyo Sakamoto, uma jovem rapariga que é vendida pelo próprio pai a uma Okiya, nome dado às casas de gueixas.
Neste início dramático assistimos com alguma confusão a esta sequência de acontecimentos, procurando perceber o se está a passar e que lugar é aquele onde a pequeno Chiyo, com os seus olhos tão azuis, está. A pouco e pouco, vamos percebendo o que se faz naquela casa japonesa e assistimos – tal como Chiyo – à beleza de Hatsumomo, uma gueixa residente naquela casa que, ao reconhecer o potencial e beleza de Chiyo, lhe começa a infernizar a vida.
Após uma tentativa fracassada de fugir da Okiya para começar uma vida em liberdade, Chiyo vê-se forçada a trabalhar como escrava. É ao receber um mimo de um estranho na rua – um gelado e um lenço com dinheiro – que Chiyo percebe o potencial que tem em si e decide concentrar todos os seus esforços para se tornar numa gueixa.
Com o desenrolar do filme, acompanhamos então o crescimento da personagem até ser adorada e invejada no Japão. Sayuri seria o seu novo nome de gueixa e marcaria o início de uma nova fase da sua vida. E o resto fica para contar!
Memórias de uma Gueixa: chinesas a fazer de japonesas
Se por um lado o filme foi um sucesso de bilheteiras e vencedor de 3 Óscares da Academia, por outro lado há que reconhecer que as críticas nem sempre foram as mais positivas. No ocidente as reações foram várias: se uns eram favoráveis ao filme, outros criticavam-no. Ainda assim, foi no oriente que a polémica ganhou uma maior dimensão
As atrizes a interpretar as personagens principais de Memórias de uma Gueixa não eram japonesas, mas sim chinesas. Alguns críticos chegaram inclusive a dizer que o filme era uma ofensa à cultura nipónica e que retratava as gueixas como prostitutas.