Boyhood: uma história que é a de todos nós
Boyhood: Momentos de uma vida é o nome do filme que acompanha o crescimento de Mason. A obra cinematográfica foi realizada por Richard Stuart Linklater (o homem por detrás de Antes do Amanhar, Antes do Anoitecer e Antes da Meia Noite), demorou 12 anos a ser filmada e é já um marco na história do cinema. Tão banal quanto fantástico, Boyhood fala da história da geração que nasceu nos anos 90 ao refletir o crescimento como ele é – sem tirar, nem pôr.
Repleto de referências à cultura pop, o filme é um retrato do quotidiano, onde cabem grandes e pequenos momentos pelos quais todos passamos e que acabam por definir a personalidade. Ellar Coltrane, ator que desempenhou o papel principal enquanto Mason, foi escolhido assinou contrato quando tinha apenas 6 anos. As gravações começaram em 2002 e terminaram em 2013, altura em que já tinha 19.
Posto isto, é mesmo caso para dizer que Boyhood cresceu com ele, mas por outro lado que o filme também cresceu consigo. Consigo e com os restantes personagens que, tal como ele, vão passando por um processo de amadurecimento gradual e por episódios tão banais que é impossível não nos identificarmos. Filho de pais divorciados, Mason vive com a mãe, de quem nunca chegamos a saber o nome próprio, e com a irmã, Samantha.
Interpretada por Patricia Arquette, a mãe sem nome (que podia muito bem ser o reflexo de um grupo alargado de mães) passa por vários situações que acabam por definir a sua postura e personalidade. Do divórcio à violência doméstica, passando pelo sucesso na carreira e o posterior clima de crise, Patricia Arquette desempenhou um papel que fez com que levasse para casa o Óscar de Melhor Atriz Secundária.
Também nomeado esteve o pai, Ethan Hawke. Ausente e ligeiramente desleixado, Ethan passa por um processo de amadurecimento tardio, mantendo sempre uma relação de proximidade com ambos os filhos. A lista de atores sucede-se com a mesma suavidade com que as várias pessoas vão passando pela nossa vida.
Da escola à universidade, Boyhood acompanha dúvidas, certezas, descobertas e mais dúvidas. Funcionando como um retrato perfeito da adolescência, o filme é no mínimo inspirador, conciliando humor e seriedade nas mesmas doses com que as encontramos em estado natural no dia-a-dia.
Britney Spears, a Star Wars e Harry Potter são algumas das referências com as quais nos vamos deparando e que nos fazem recuar 10 anos no tempo. Sobre tudo e sobre nada, Boyhood é um filme aberto à interpretação e que, através da história de Mason, nos põe a pensar na nossa própria vida.
Boyhood: ambicioso e inovador desde o primeiro take
Boyhood é o resultado final de um projeto de longa data de Richard Linklater. Segundo o próprio, retratar o crescimento e a relação de um jovem com os pais sempre foi um dos seus objetivos. Foi então que surgiu a ideia de gravar o mesmo filme durante 12 anos.
Todos os anos, o elenco reunia-se para filmar durante algumas semanas e dar continuidade ao projeto. Linklater chegou inclusive a fazer com que Ethan Hawke prometesse que acabaria as gravações caso ele falecesse.
Com mudanças constantes no argumento, Boyhood foi sendo improvisado à medida que ia sendo feito. O processo não podia ser outro já que é impossível prever aquilo que será tendência amanhã.
Apesar de tudo, havia uma linha pré-estabelecida, já que grande parte da história do filme é inspirada na experiência pessoal de Linklater. Também filho de pais separados, o realizador assistiu à demanda da mãe em prosseguir estudos já numa fase avançada da vida.
Com boas reações quer da crítica quer do público, Boyhood foi finalmente lançado em julho de 2014. Inicialmente estava previsto que o filme se chamasse 12 Years (12 Anos), mas o nome acabou por ser mudado, uma vez que meses antes tinha sido lançado o filme 12 Years a Slave (12 Anos Escravo).