Indiana Jones: o cão que foi adotado por Steven Spielberg
Os filmes do Indiana Jones constituem um dos mais rentáveis franchisings da história do cinema. Os quatro filmes arrecadaram cerca de 2 mil milhões de dólares e afirmaram Steven Spielberg como um dos mentores de blockbusters de ação, aventura e suspense. Neste artigo, contamos a génese deste projeto que o realizador norte-americano tomou como emprestado.
Em 12 de junho de 1981, estreou Os Salteadores da Arca Perdida e o mundo passou a conhecer Indiana Jones, o arqueólogo aventureiro que inspirou uma geração inteira a querer procurar tesouros escondidos pelo mundo inteiro, eu incluído. Mas a história do doutor Henry Jones começa oito anos antes, quando foi criado por George Lucas e ainda se chamava Indiana Smith.
Em 1973, inspirado nas séries das décadas de 30 e 40 do século XX, o criador do universo de Star Wars escreveu As aventuras de Indiana Smith. ‘Indiana’ era o nome do seu cão que, sem saber, foi a musa do famoso arqueólogo e também foi personificado como Chewbacca em Star Wars, o copiloto felpudo de Han Solo.
A ideia de converter As aventuras de Indiana Smith em filme começou a ganhar forma quando George Lucas se juntou a Philip Kaufman para escrever o guião. Philip Kaufman abandonou o projeto pouco depois para trabalhar com Clint Eastwood, não sem antes deixar a sua marca no filme. A ideia da procura da arca que continha os dez mandamentos foi dele. Ou melhor, foi do seu dentista. Kaufman ouviu aquela história vezes sem conta em criança, sentado na cadeira do dentista e recordou-se a tempo de criar uma das aventuras mais criativas de sempre da história do cinema. Ora aqui está uma história que a Ordem dos Dentistas podia aproveitar para alertar para a importância de manter uma boca sã e saudável!
George Lucas, após o abandono de Kaufman, deixou o projeto na sua “arca” e dedicou-se à criação do primeiro episódio da saga de Star Wars. Parecia o fim de Indiana Jones, então Indiana Smith, mas nada que uma viagem ao Hawai não resolva para recarregar baterias.
Indiana Jones: mudança de identidade e estrelato imediato
Em 1977 e após a estreia de Star Wars, George Lucas marcou férias na ilha de Maui. Pretendia retirar-se para longe do sucesso retumbante do primeiro episódio da epopeia também ela de uma galáxia distante. Curiosamente, também Steven Spielberg se encontrava no mesmo local, também de férias e após a promoção do seu mais recente filme: Encontros Imediatos do Terceiro Grau.
Numa conversa casual de praia, Steven Spielberg revelou a George Lucas que gostaria de realizar um filme do James Bond. Esta foi a pedra de toque que reacendeu a paixão do criador de Indiana Jones. Disse-lhe de imediato que tinha uma ideia ainda melhor e Spielberg correspondeu ao entusiasmo. Com um senão: o nome. Steven Spielberg não gostava do apelido ‘Smith’ e Lucas não se fez rogado: propôs ‘Jones’ – mantinha-se a homenagem ao seu cão e havia a possibilidade real de o projeto avançar.
O projeto arrancou em 1978, com o argumentista Lawrence Kasdan a bordo e com a história a ser delineada pelos três – Spielberg, Lucas e Kasdan. Spielberg ficaria com a realização e Lucas como produtor executivo. O guião final foi escrito em seis meses e foi o resultado das conversas entre os três. Para além de um processo criativo que decorreu de forma célere, houve um desentendimento acerca da personalidade de Indiana Jones. George Lucas pretendia que fosse uma figura mais política e com um appeal masculino na linha de James Bond e Kasdan e Spielberg pretendiam explorar a dicotomia de arqueólogo e aventureiro, oferecendo um lado mais obscuro à personagem.
Depois de rejeitado por várias distribuidoras, a Paramount Pictures chegou a acordo para a realização de cinco filmes sobre Indiana Jones. As filmagens de Os Salteadores da Arca Perdida decorreram nos estúdios Elstree, em Inglaterra, em La Rochelle, em França, em São Francisco, nos Estados Unidos, e na Tunísia, onde se serviram de alguns locais que foram utilizados como cenários de Star Wars.
O filme Os Salteadores da Arca Perdida foi um êxito imediato. Só no fim de semana de estreia arrecadou mais de 8 milhões de dólares. Estreou em Portugal quatro meses depois, em 9 de outubro de 1981, e as filas à porta dos cinema sucederam-se. O filme conheceu mais três sequelas: Indiana Jones e o Templo Perdido (1984), Indiana Jones e a Grande Cruzada (1989) e Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008). Entre 1977 e 1981, o mundo ficou a conhecer também uma das suas maiores estrelas de cinema – Harrison Ford -, protagonista em Star Wars, como Han Solo, e como o arqueólogo irónico que tem medo de cobras.