Silêncio: o filme de Martin Scorsese sobre jesuítas portugueses
O filme de Martin Scorsese que conta com o título Silêncio narra uma história comovente sobre o encontro com a religião e a fé humana em Deus.
O enredo baseia-se no livro homónimo do autor japonês Shusaku Endô, publicado pela primeira vez em 1966. Ao longo da história acompanhamos a história de dois padres jesuítas que viajam de Portugal até ao Japão, no século XVII, na esperança de encontrar o seu mentor, o Frei Cristóvão Ferreira – interpretado por Liam Neeson -, e de investigarem rumores de que teria renegado a fé cristã.
Estes dois discípulos são interpretados por nada menos que Andrew Garfield, que vimos recentemente no filme O Herói de Hacksaw Ridge – realizado por Mel Gibson e também um candidato digno para os Óscares – e Adam Driver, que assumiu recentemente o papel do vilão Kylo Ren na nova trilogia de filmes Star Wars.
Retomando a história, o enredo relata como os dois frades chegam a um Japão que cai sobre eles como uma onda do mar: é aí que se confrontam com um regime militar que baniu totalmente o catolicismo e quase todo o contacto com o estrangeiro.
Sem perderem a crença, os dois jovens religiosos testemunham a perseguição aos cristãos japoneses pela mão do seu próprio governo. Eventualmente, os dois separam-se e Frei Rodrigues viaja até ao campo, interrogando-se sobre o silêncio de Deus face ao sofrimento dos seus filhos.
As primeiras críticas invocam os mestres da austeridade religiosa no cinema, como é o caso de Carl Th. Dreyer e Robert Bresson, e apontam que Silêncio, mesmo não sendo a obra-prima que vai definir a carreira de Martin Scorsese, será de certo a prova dos muitos talentos do cineasta que já realizou clássicos como Taxi Driver e Goodfellas. Alguns críticos chegam mesmo a apontar que esta longa metragem poderá ser já um “testamento” cinematográfico do realizador.
Com filmagens no Taiwan ao longo de oito meses, gravadas pela ordem cronológica do guião, o filme chegou às salas norte-americanos no final de dezembro de 2016, tendo sido inclusive exibido ao Papa Francisco no Vaticano. O filme ficou de fora das nomeações para os Globos de Ouro, Silêncio está a ser posicionado pela Paramount, que assumiu a distribuição americana, como um filme de prestígio à medida dos Óscares.