Simon Rumley: The Living and the Dead é “pessoal, mas não autobiográfico”
“Pessoal mas não autobiográfico”. Foi assim que o realizador britânico, Simon Rumley, descreveu The Living Dead ou Vivos e Mortos, na versão portuguesa. Ao longo deste artigo, exploramos a visão do cineasta, mostrando o processo criativo por detrás deste filme perturbador que aborda a relação entre o sexo e a morte.
Posto isto, devemos dizer em primeiro lugar que The Living and the Dead pode ser entendido, não como um filme de terror, “mas como uma triste tragédia, um drama psicológico invulgar que, ao contrário da linha de filmes de horror, não fará o público levantar-se das cadeiras ou até rir de algumas situações”.
Aliás, a reação do público, no caso, o português que assistiu à estreia por alturas do Fantasporto 2007, “foi de introspeção, ou seja, quando vieram para o intervalo senti uma certa tensão, porque o filme perturba mais do que assusta”, sustentou Simon Rumley, também argumentista.
The Living and the Dead, quarto filme da carreira do cineasta é aquele que mais se distancia das três anteriores comédias, centradas no quotidiano de jovens londrinos. Em vez da prestativa romântica, o filme baseia-se na experiência pessoal do realizador, em particular, no período traumático causado pela morte da mãe e onde no filme tenta mostrar as emoções que sentiu na altura, nomeadamente, “de tristeza e de raiva”.
No entanto, como começamos por dizer, Rumley esclarece que a longa-metragem “é pessoal, mas não autobiográfica. Aliás, quando estava a escrever o argumento houve algumas situações que aconteceram entre mim e a minha mãe, referências que não quis transpor para o filme”.
Na película é retratada a vida do casal Brocklebank que tem um filho com problemas mentais. A mãe está muito doente, o pai precisa de se ausentar para tentar vender a mansão decrépita para pagar a operação da mulher e contrata uma enfermeira. A atitude desagrada ao filho, pois entende que os pais não confiam nas suas capacidades para tomar conta da mãe. A partir daqui, os acontecimentos sucedem-se para um final perturbador e revelador do desequilíbrio do primogénito.
O trabalho mais recente de Simon Rumley chama-se The ABC’s of Death, uma história baseada no caso verídico de Johnny Garrett, um homem condenado à morte depois de ter violado e assassinado uma freira de 76 anos. A execução ocorreu em 1992, mas anos depois surgiram fortes dúvidas quanto à veracidade das acusações.
The ABC’s of Death estreou em 2012; desde então, Simon Rumley tem trabalhado noutros projetos que deverão chegar aos cinemas em 2015 e 2016.