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FEST 2020 com cinema drive-in em Espinho, Porto e Lisboa

FEST 2020 com cinema drive-in em Espinho, Porto e Lisboa

by Marta Reis

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A edição 2020 do FEST – Novos Realizadores, Novo Cinema acontece este ano entre 2 a 9 de Agosto. Sob o epíteto As close as far away can be, a 16ª edição do Festival espinhense continuará a ter na cidade nortenha o seu ponto fulcral de programação, mas alargará o seu raio de ação ao Porto e a Lisboa.

Com sessões a acontecerem, em simultâneo, nas três cidades, o FEST pretende reforçar o seu compromisso com a sala, enquanto espaço primordial para a mostra de cinema, ao mesmo tempo que cria soluções que não comprometam os cuidados necessários a ter no atual cenário de controlo pandémico.

Uma ideia que marca também a introdução de um novo espaço de exibição, um cinema drive-in a ser instalado na cidade. 

Em termos de programação, o certame pretende reforçar o trabalho de mostra do mais interessante novo cinema mundial, numa altura em que os realizadores emergentes enfrentam novas dificuldades para a mostrar os seus filmes, fruto do cancelamento de diversos Festivais internacionais e da situação de incerteza quanto ao regresso e à programação das salas de cinema de circuito comercial. Os detalhes sobre a seleção de filmes serão revelados no decurso das próximas semanas. 

Imagem de marca do Festival é também a sua programação destinada aos profissionais do sector que, este ano, acontecem num novo formato. Em 2020, o FEST continuará a albergar, em formato streaming, o Pitching Forum, a plataforma que permite que novos cineastas possam apresentar os seus projetos a produtores, financiadores, gestores de fundos e investidores de topo com vista à obtenção de apoios e financiamento. 

Adiado ficam os restantes eventos da secção profissional, Training Ground, Director’s Hub e Industry Meetings, uma vez que não estavam reunidas as condições necessárias para a sua realização no formato desejado. Sendo uma das apostas do FEST a criação de um ambiente de proximidade, troca de ideias e contacto próximo entre profissionais de diversos espectros, a sua realização dentro das necessárias regras de limitação de aglomerados e minimização de contactos sociais comprometeria, de forma inequívoca, a identidade e sucesso da iniciativa.

Em alternativa, serão organizadas, ao longo do ano e em formato online, conversas, entrevistas e debates que possam manter abertos os espaços de discussão, troca de ideias e, com isso, alimentar a criação de uma rede colaborativa entre os diversos profissionais do sector. 

Entre o amor e o confronto, são as relações humanas a marcar as dez estreias nacionais da competição do FEST 2020

Num ano que ficará marcado pelo distanciamento social, o cinema chega-nos como uma ferramenta essencial para o contacto. Sob o tema, As Close as Far Away Can Be, a programação de longas metragens da competição internacional do FEST traz até às salas as histórias de amor e de luta, de guerra e de descoberta, de libertação e de morte, numa seleção de dez filmes que se estreiam, em agosto, nas salas de cinema portuguesas.

A competição internacional, que este ano integra 10 obras de cineastas emergentes , vai decorrer, em simultâneo, em Espinho, no Porto e em Lisboa

Argélia, 1997, um grupo de jovens raparigas organiza um desfile de moda. É neste cenário de luta contra a opressão que se posiciona Papicha, a primeira obra da francesa Mounia Meddour. Um retrato complexo de uma geração de mulheres forçada a confrontar um patriarcado todo poderoso, estreado mundialmente na secção Un Certain Regard de Cannes.

Estreado também com grande expectativa, Jumbo ambiciona quebrar muitas barreiras. Começa logo pelo tema, ao ficcionar a paixão de uma mulher por um objecto inanimado, continua na estética ambiciosa e estrutura narrativa, que mistura elementos do Realismo Social com o Cinema Fantástico. Um dos grandes triunfos do ano, a colocar Zoé Wittock na lista de cineastas europeus a acompanhar.

Com interpretações de Ben Mendelsohn e o youtubber Toby Wallace, Babyteeth, de Shannon Murph, cria um retrato enternecedor e provocador sobre as diferentes formas de lidar com a doença. Comédia negra singular, Patrick, de Tim Mielants, apresenta uma panóplia de personagens deliciosas, a habitarem um thriller policial tenso, repleto de twists e transições inesperadas no seio de uma comunidade nudista.

A primeira longa-metragem de Maura Delpero, Maternal, oferece-nos diferentes visões do conceito de maternidade, e obrigando-nos a ponderar o que significa, de facto, ser mãe. Obra a reinventar o  subgénero do cinema de favela, Pacificado, de Paxton Winters, leva-nos pelo dia-a-dia de uma família a viver na favela, num Brasil a braços com a convulsão social, no conturbado período que antecedeu a realização dos jogos olímpicos. A Dinamarca é frequentemente descrita como um paraíso social, mas o mundo do crime é indiferente às estatísticas e prolifera por toda a parte.

Um outro olhar sobre uma das sociedades mais desenvolvidas no mundo, aqui na estreia em longa metragem de Jeannete Nordhal, Wildland

O conflito na Ucrânia continua ser uma das maiores incógnitas da cena mundial e um tema central de muito do cinema documental europeu. Em Earth is blue as an orange a cineasta Iryna Tsilyk viaja para a frente de guerra para conhecer uma pequena família que tenta lidar com um dia a dia onde a ameaça é constante.

Viagem também por questões historicamente constantes em Lovemobil, de Elke Lehrenkrauss, um filme que traça um retrato cru sobre a prostituição de rua na Alemanha contemporânea. 

Fechar a lista de estreias em competição com Meanwhile on Earth, um filme que desmistifica o que se passa por detrás das câmaras de cremação, o dia-a-dia de um coveiro e as conversas dos motoristas de carrinhas funerárias.

Contraído com um sentido de humor inquestionável, o trabalho de Carl Olson é um autêntico triunfo do cinema documental, que nos obriga a sorrir com as mais “infelizes” das ocupações profissionais. 

O FEST – Novos Realizadores | Novo Cinema terá lugar entre os dias 2 e 9 de Agosto, apresentando, pela primeira vez na sua história, sessões simultâneas em Espinho e no Porto. Confirmadas estavam também as sessões em formato drive-in que incluirão ciclos de cinema de humor, terror e fantástico. 

PROGRAMAÇÃO FEST 2020

Babyteeth, Shanon Murphy, Australia, 2019, fic., 118´

Jumbo, Zoé Wittock, França, Bélgica, Luxemburgo, 2020, fic., 93′

Lovemobil, Elke Margarete Lehrenkrauss, Alemanha, 2019, doc., 103′

Maternal, Maura Delpero, Itália, Argentina, 2019, fic., 91′

Meanwhile On Earth, Carl Olsson, Suécia, Dinamarca, Estónia, 2020, doc., 72′

Pacificado, Paxton Winters, Brasil, fic., 2019, 120′

Papicha, Mounia Meddour, Algéria, França, Bégica, Qatar, 2019, fic.,108′

Patrick, Tim Mielants, Bélgica, 2019, fic., 97′

The Earth Is Blue as an Orange, Iryna Tsilyk, Ucrânia, Lituânia, 2020, doc., 74

Wildland, Jeanette Nordahl, Dinamarca, 2020, fic., 90′

Ciclo de cinema de género ao ar livre e destaque para o trabalho de Quentin Dupieux e Aik Karapetian são são as primeiras confirmações para o FEST em Espinho

São conhecidas hoje as primeiras confirmações para o programa de cinema do FEST – Novos Realizadores | Novo Cinema, que, este ano, se realiza entre 2 a 9 de Agosto. Um ciclo de cinema de humor e de género a decorrer em formato drive-in e um destaque na cinematografia de Quentin Dupieux e Aik Karapetian são os primeiros avanços do programa de cinema para o evento que voltará a decorrer na cidade de Espinho.

Mais conhecido pela sua carreira musical enquanto Mr. Oizo (nome fundamental do french touch), Quentin Dupieux tem conquistado, ao longo da sua faceta como cineasta, um lugar cimeiro numa lista de nomes de contra-vaga do cinema francês.

Nunca colocando em causa a importância da cinematografia clássica do seu país, essa que é ainda hoje uma referência incontornável a nível mundial, Dupieux é hoje um cineasta de culto, com uma série de comédias surreais sobre personagens ímpares, perpetuamente desconectadas das normas básicas da vida em sociedade, mas que directa e indirectamente representam muitas das nossas ânsias e necessidades colectivas.

Tendo como arma fundamental o humor negro, a sua filmografia desenha um espaço onde o absurdo se conjuga com uma estética única, resultando numa experiência verdadeiramente original, essencial e que rapidamente se está a transformar num género por si só.

Na secção do Be Kind Rewind, serão mostrados Reality, a história de um actor que procura incessantemente pelo grito mais genuíno da história do cinema, e o mais recente 100% Camurça, um filme sobre um homem de tal maneira obcecado pelo seu casaco de camurça, que ambiciona tornar-se no último homem do planeta a vestir um casaco.

Na edição 2020 o FEST vai ainda centrar atenções num dos países mais desconhecidos do panorama cinematográfico Europeu: a Letónia. Apesar da já longa tradição na sétima arte, o cinema letão não tem sido capaz de captar tanto interesse e devoção como outros exemplos na região do Báltico.

Um facto que muda com o surgimento de uma nova geração de cineastas que ameaça tornar-se num caso sério de sucesso. A encabeçar a lista, Aik Karapetian, cuja mistura entre realismo social e cinema de género tem vindo a revelar-se um cocktail irresistível para o circuito internacional de festivais de cinema.

O FEST exibirá a sua primeira longa-metragem People Out There e aquela que é considerada a sua obra-prima até à data Man With the Orange Jacket. Este ciclo dedicado ao novo cinema letão exibirá também obras recentes de artistas emergentes como Signe Birkova, Kristiāna Šuksta e Kārlis Vītols.

A criação da primeira sala drive-in em Espinho é uma das grandes novidades desta 16ª edição do FEST. Para a habitar, o Festival apresenta um extenso programa de cinema que se divide entre a comédia e o cinema de género.

No campo do humor, destaque a Force Majeure, do multi-galardoado cineasta sueco Ruben Ostlund, Woman at War, do islandês Benedict Erlingsoon, e à curta, I’ll end up in jail, do canadiano Alexandre Dostie. Após a meia noite, o programa deste novo espaço olha o cinema de terror.

Palavra especial aqui para a estreia nacional de Increadably Shrinking Weekend, de Jon Mikel Caballero, o notável Vendeta, de Coralie Fargeat, e O Cadáver de Anna Fritz, de Hèctor Hernández Vicens. Para além das longas-metragens, terão ainda lugar duas sessões de curtas, com destaque para o multigalardoado Souls of Totality, de Richard Raymond, e A Estranha Casa da Bruma de português Guilherme Daniel.

PROGRAMAÇÃO

DRIVE-IN & MIDNIGHT SESSIONS

Longas-metragens

Force Majeure, Ruben Östlund

Revenge, Coralie Fargeat

The Corpse of Anna Fritz, Hèctor Hernández Vicens

The Incredible Shrinking Wknd, Jon Mikel Caballero

Woman at War, Benedikt Erlingsson

 

 

Curtas-metragens

Attachment, Kasia Babicz

A Estranha Casa na Bruma, Guilherme Daniel

Bottleneck, Måns Berthas

Goodbye Barbara, Mariel García Spooner

HEN, Janna Kemperman

Homemade, Zulma Rouge

I’ll End Up in Jail, Alexandre Dostie

Idols Never Die, Jerome Yoo

Into The Night, Sergiu Zorger

Jackpot, Cristian Casado, Dennis Gleiss

Limbo, Daniel Viqueira

Mata, Fábio Rebelo

Nausea, Thomas Webber

Night Shift, David Dybeck

No Filter, Manu Montejo

Offbeat, Myrte Ouwerkerk

Ramen, Rubén Seca

Souls of Totality, Richard Raymond

Spandex – a tight story about masculinity, Michael Kunov

The Bris Of Michael Moshe Solomon, Coral Amiga

The Plunge, Simon Ryninks

The Travelers, Davi Mello

Them, Robin Lochmann

 

FOW

Longas-metragens

People Out There, Aik Karapetian

The Man in the Orange Jacket, Aik Karapetian

 

Curtas-metragens

Discreet, Žulijennuhums Amadu Kuļibaļi

Enlightenment, Kristiāna Šuksta

He Was Called Chaos Bērziņš, Signe Birkova

Still Life, Anna Ansone

The End, Kārlis Vītols

 

BE KIND REWIND

Deerskin, Quentin Dupieux

Reality, Quentin Dupieux

 

Mais de cem curtas em estreia no FEST para um retrato sobre a nova geração de realizadores

A ficção, o documentário, a animação e o cinema experimental não-narrativo voltam a assumir todo o destaque da competição internacional de curtas do FEST –  Novos Realizadores | Novo Cinema. A ter lugar entre os dias 2 e 6 de agosto em Espinho, o Festival apresentará 70 curtas metragens nas duas principais competições, Lince de Prata e Grande Prémio Nacional. A destacar as estreias em Portugal, os multipremiados Postcards From The End of The World, Virago, Excess Will Save Us e Acid Rain, filmes que prometem provocar muito debate na edição deste ano. 

Konstantinos Antonopoulos estava longe de imaginar que a sua curta sobre o apocalipse viria a ser descrita como atual ou familiar. Postcards From The End of The World ganhou o prémio para melhor comédia no Festival de Aspen no início da pandemia e, desde então, tem vindo a suscitar a atenção e louvor de espectadores em todo o mundo.

A curta, que se estreia no FEST, conta a história de um casal que se encontra de férias numa ilha grega com os filhos quando a civilização humana colapsa. Baseada em factos reais e rodada nas áreas mais rurais da Estónia, Virago, de Kirli Kirch Schneider, cruza a realidade com o mito levando-nos pela história de uma aldeia onde nenhum homem consegue passar a barreira dos 40 anos.

Nos limites entre o humor e a tragédia encontramos também  Excess Will Save Us, um documentário de Morgane Dziurla-Petit sobre Villereau, a pequena vila onde cresceu e que, um dia, se achou vítima de um ataque de terrorista. Uma tragicomédia sobre a paranoia e os julgamentos que fazemos uns aos outros.

Acid Rain, de Tomek Popakul, é indiscutivelmente uma das mais faladas curtas de 2019. Lançada online durante uma janela temporal muito limitada, esta ficção animada reserva-nos um muito particular olhar sobre a cultura rave. De retina bem aberta, o espectador é convidado a seguir a viagem do protagonista rumo a lugar nenhum, numa das mais distintivas história de coming of age dos últimos meses. 

Na lista de filmes selecionados destaque ainda para The Golden Buttons, um olhar sobre a militarização dos jovens russos estreada no Festival Vision du Réel deste ano, La Laguna Negra, uma viagem pela espiritualidade peruana estreado em Roterdão ou  The Vibrant Village, que acompanha o dia-a-dia de homens e mulheres numa pequena vila da Hungria, questionando a nossa percepção sobre a indústria do sexo e estreado  no Festival de Documentário de Sheffield. 

O cinema português mantém a sua posição de destaque no programa do FEST com uma série de obras de novas figuras da cena nacional. Na principal competição dedicada ao cinema português no Festival, destaque para o regresso de António Sequeira, vencedor do GPN do ano passado, com As Cartas da Minha Mãe, de Miguel De com The Kiss, de João Monteiro com Príncipe. Nota especial ainda para um conjunto de obras que concorrem, em simultâneo, para a competição internacional, Erva Daninha de Guilherme Daniel, (In)dividual de Beatriz Bagulho e When the Light Goes Out de Tânia Prates. 

Comprometido com o apoio à criação de oportunidades para novos realizadores, o FEST volta a integrar a competição NEXXT, secção dedicada a mostrar alguns dos melhores trabalhos produzidos em escolas de cinema de vários pontos do planeta, oferecendo uma oportunidade rara de conhecer as novas tendências do cinema mundial. O programa deste ano incluiu trabalho de escolas conceituadas como são os casos da FAMU, Wien Film Akademie, DFFB, entre outras.

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