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10 Filmes que serviram de inspiração a Guillermo del Toro

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10 Filmes que serviram de inspiração a Guillermo del Toro

by Eduardo Aranha

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Guillermo Del Toro é hoje um dos nomes mais notáveis do género do cinema de fantasia, terror e ação. E, mesmo continuando a manter a sua vida privada separada da profissional, não é difícil olhar para o percurso do realizador mexicano de forma a perceber que filmes inspiraram a sua obra cinematográfica. Fora o cinema, também a banda desenhada assumiu um importante papel na imaginação criativa do realizador, bastando olhar para o filme Hellboy para o perceber.

Esta paixão pelo género fantástico manifestou-se muito cedo e, para Del Toro, nunca houve limites. Não importa se se tratava de fantasia inocente ou de algo mais obscuro ou, melhor ainda, uma mistura dos dois, como tão elegantemente o conseguiu fazer em O Labirinto do Fauno.

A aprendizagem de Guillermo del Toro envolveu sobretudo ver o que os outros já tinham feito e extrapolar toda a realidade que tinha em si para a tela. Sem medo de dar asas à imaginação, o realizador mexicano tem-se literalmente debruçado sobre as suas obras, dedicando-se a cada pormenor, desde o guião até aos cenários e maquilhagem dos atores que dão vida às personagens.

Para entender o realizador, convidamo-lo por isso a ler este post onde reunimos 10 filmes que inspiraram Guillermo Del Toro e alimentaram a grande máquina criativa que é a sua mente.

10 Filmes que inspiraram Guillermo del Toro

1 – The Spirit of the Beehive (1973)

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The Spirit of the Beehive (em português, O Espírito da Colmeia) é um filme de 1973. A narrativa remonta ao ano de 1940 e curiosamente tem como base outro grande sucesso do cinema. Em destaque está uma rapariga frágil com apenas 7 anos de idade. A viver numa pequena vila espanhola, a criança fica traumatizada depois de ver Frankestein. O enredo deste filme pode ser facilmente comparado ao de O Labirinto do Fauno.

Além do lado mais fantástico, The Spirit of the Beehive abre uma janela para o período de pós Guerra Civil. Ana acaba por fugir com um soldado republicano que é morto por fascistas; o resto do filme é uma busca pelo pai. A personagem foi determinante na construção de Ana Torrent, de Cronos. ‘O filme, juntamente com as obras de Buñuel ou de Hitchcock, está para além da minha maquilhagem, está enterrado no meu ADN’, afirmou Del Toro.

2 – Shadow of a Doubt (1943)

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Mestre do suspense, Alfred Hitchcock inspirou e continua a inspirar as gerações mais novas. Shadow of a Doubt (ou Mentira) foi mais um dos filmes por detrás de Cronos. Quem assistir ao clássico do cinema de 1943, encontra a história de Uncle Charlie, um homem que escapa de sarilhos ao visitar os familiares, em Santa Rosa, Califórnia. É lá que o personagem desempenhado por Joseph Coten encontra a sobrinha que, curiosamente, também se chama Charlie (Teresa Wright).

Numa cidade tendencialmente calma dos anos 40, Hitchcock explora um lado mais macabro do ser humano, mostrando que o horror não precisa de ser sobrenatural e pode estar presente no quotidiano. Apesar disso, há que destacar as semelhanças entre Uncle Charlie e Drácula – nomeadamente no que diz respeito ao poder de sedução e à forma como o personagem aparece sempre nos momentos mais oportunos. Para Guillermo Del Toro, Shadow of Doubt é ‘uma das perfeições de Hitchcock’.

3 – Frankenstein (1931)

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Frankenstein é um dos filmes de culto do cinema de terror e é, por isso, um título obrigatório nesta lista. Neste filme sobre monstros e experiências científicas, somos introduzidos à história de Dr. Henry Frankenstein, um médico obcecado com a reanimação de cadáveres, acreditando que ao conseguir tal efeito será elevado ao estatuto de Deus. Assim, ao ‘construir’ uma criatura a partir de membros de diferentes cadáveres, acredita que vai mesmo conseguir dar de novo vida a algo que já estava morto. E a verdade é que consegue.

Porém, as coisas não lhe correm muito bem, proporcionando assim o drama e terror que todos os espectadores gostam de assistir. Confuso, o monstro do Dr. Frankenstein foge do laboratório e parte num frémito de morte e destruição que ainda hoje consegue arrancar gritos entre a audiência. Para Guillermo del Toro, esta foi sem dúvida uma importante influência. Recentemente, o próprio Del Toro demonstrou a intenção em realizar um remake de Frankenstein.

4 – Ran – Os Senhores da Guerra (1985)

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Ran é uma espécie de resumo de todo o trabalho de Akira Kurosawa. Combinando temas que já não lhe eram estranhos, o realizador japonês construiu a história que é uma espécie de adaptação moderna do clássico de Shakespeare, Rei Lear. O tema principal do filme é a guerra, mas pelo meio há também destaque para um drama familiar repleto de traições e ligações perigosas. Apesar de ser mais desapaixonado do que as obras anteriores do realizador, Ran não falha ao estabelecer uma relação com o espectador.

No que diz respeito ao filme, há ainda que referir o estilo de produção e os efeitos com câmaras simultâneas, capazes de capturar os vários movimentos dos atores – que, aliás, se distinguem pela performance crua. Embora todos os filmes de Kurasawa possam ser considerados uma referência para Del Toro, Ran destaca-se principalmente pelas personagens complexas e de personalidade que à partida parece até contraditória.

5 – Fanny e Alexander (1982)

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Duas crianças suecas, Fanny e Alexander, são as personagens principais deste filme de Ingmar Bergman. A partir da perspetiva inocente destas duas crianças, acompanhamos a história da mãe, desde que o marido morre até se apaixonar de novo por um homem que traz todo um novo regime de austeridade para o lar da família. Com intervenções do fantasma do pai, as crianças aprendem a lidar com a nova realidade, contando ainda com a mão amiga de um mercador judaico que é, na verdade, o amante da avó das crianças.

Este mundo de sonhos, fantasias e pesadelos que envolve as crianças em Fanny e Alexander não influenciou só a obra de Guillermo Del Toro: também comprovou, uma vez mais, que é possível conciliar realidades tão distintas dentro do mesmo género: a fantasia inocente com a fantasia mais obscura.

 

6 – La Belle Et La Bete (1946)

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La Belle Et La Bete (A Bela e o Monstro) é um clássico que deve parte da sua popularidade ao filme de 1946, realizado por Jean Cocteau. A história dispensa apresentações e, como todos sabemos, relata a paixão entre uma criatura hedionda, mas gentil, que acaba por se apaixonar por uma bela jovem que decide manter cativa no seu castelo. O amor leva o Monstro a pedir Belle em casamento durante noites a fio até que, por compaixão, a jovem acaba por aceder ao pedido.

Para Del Toro, La Belle Et La Bete é uma referência não só pela caracterização do Monstro, mas também pela abordagem ao personagem que é simultaneamente assustador e sensível. Apesar de a história ter saído de um conto infantil, a verdade é que em La Belle Et La Bete há também lugar para um erotismo ligeiro que o torna num filme para adultos.

Todas essas dimensões podem ser vistas, por exemplo, em Hellboy, um dos filmes de maior sucesso de El Toro. Nas palavras do próprio realizador, Cocteau foi capaz de alcançar ‘a mais perfeita abordagem cinematográfica a um conto’.

7 – Time Bandits (1981)

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Quando começaram a trabalhar em Time Bandits, os realizadores Gilliam e Palin queriam fazer um filme ‘excitante o suficiente para adultos e inteligente o suficiente para crianças’. O que acabaram por fazer foi uma fantástica história à volta de um rapaz comum, chamado Kevin, que viaja no tempo ao lado de anões que esperam encontrar e saquear um tesouro do passado. Com um mapa que roubaram do Ser Superior, são perseguidos pelo Génio do Mal que, como qualquer vilão, pretende roubar o mapa e arruinar os planos dos anões.

Time Bandits – que conta com um final chocante e controverso – impôs um novo marco na história da fantasia, trazendo os elementos habituais deste tipo de filmes, como os anões e a magia de viajar no tempo, com um humor adulto e por vezes macabro, muito ao género de Monty Python, mas para uma geração mais nova. ‘Ao ver o Time Bandits com a minha filha mais nova, fiquei deliciado quando ela se partiu a rir e adorou a cena em que os pais do Kevin explodem numa nuvem de fumo’, admitiu Del Toro.

8 – Los Olvidados (1950)

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Los Olvidados conta a história de uma bela cidade onde vivem crianças pobres e delinquentes. A obra passa-se nas favelas da Cidade do México e coloca Pedro (Alfonso Mejía) no papel principal. À medida que vai crescendo, o jovem vai passando por vários estágios e lentamente mergulhando num ambiente corrupto que acaba por formatar a sua personalidade.

Ao contrário das obras surrealistas com que Bruñuel nos brindou, Los Olvidados é uma mostra do que de melhor há no cinema neorrealista. A filmagem não é profissional, os atores também não, mas apesar da produção de baixos custos a verdade é que o resultado foi uma verdadeira obra-prima, atualmente reconhecida e admirada.

O filme foi uma inspiração para The Devil’s Backbone (Nas Costas do Diabo) e para Cronos. Segundo Guillermo Del Toro, Los Olvidados é ‘uma das representações da infância alguma vez feitas’.

9 – Nosferatu (1922)

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Não haveria cinema de terror sem Nosferatu, o filme que ainda hoje é considerado como um dos principais títulos do cinema gótico. Em vez de assustar as pessoas, este é um filme que as segue mesmo quando o filme termina.

Mesmo sendo a preto e branco e completamente mudo, a temível personagem de Nosferatu, pelo medo e horror que inspira, parece invadir os nossos pesadelos mais profundos. E a influência que o filme provocou em Del Toro foi tal que o realizador contou mesmo que “O meu filme ideal não teria diálogo. Seria apenas uma câmara apontada à figura em ação”.

Inspirado na obra Drácula de Bram Stoker, esta adaptação não-autorizada levou à bancarrota o estúdio que o produziu. Isto aconteceu na sequência de um processo imposto pela família de Stoker. Todas as cópias do filme terão sido destruídas exceto uma, que sobreviveu ao longo das décadas e que nos permitiu, hoje, ter acesso a este clássico do cinema.

10 – Planet of the Apes (1968)

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Planet of the Apes (O Homem que veio do Futuro, na versão portuguesa) chegou aos cinemas em 1968 e distinguiu-se pela produção arrojada e pela utilização de técnicas que viriam a ser muito comuns no género sci-fi. O filme é inspirado no romance de francês, La Planète des Singes e, desde então, já teve várias adaptações ao cinema e à televisão. No centro do enredo está um astronauta com aspeto símio que vem de um futuro distante para dominar a raça humana.

Antes de ser realizador, Guillermo Del Toro foi make-up artist. Não é por isso de estranhar que Planet of  the Apes tenha sido uma influência determinante na forma como caracteriza os personagens. Durante 10 anos, Del Toro teve a sua própria empresa de efeitos especiais e trabalhava normalmente para produções mexicanas. O sucesso chegou com Cronos, uma das suas obras mais conhecidas.

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