Filmes e obras cinematográficas para reflectir sobre o racismo
As questões sociais estão mais em alta do que nunca, não obstante, nos últimos meses o mundo viu diversos choques de violência social, sobretudo no campo do racismo, da discriminação e da injúria racial.
No dia 25 de maio de 2020, logo no início da pandemia, a morte de George Floyd, asfixiado covardemente pelos joelhos de um policial branco, incendiou o debate nos Estados Unidos e em todo o mundo sobre a violência policial contra a comunidade negra, através do movimento Black Lives Matter.
De acordo com diversas fontes, dentre elas a Wikipédia, que atualmente possui uma página destinada ao ocorrido, o policial Derek Chauvin se ajoelhou sobre o pescoço de Floyd por aproximadamente nove minutos.
Já no final do ano de 2020, desta vez no Brasil, um homem negro morreu agredido no supermercado Carrefour, em Porto Alegre, em plena véspera do Dia da Consciência Negra.
João Alberto Silveira Freitas, 40, foi espancado por um segurança do supermercado e por um policial militar, ainda dentro do estacionamento do supermercado, de modo que várias testemunhas puderam filmar o ocorrido.
Pensando neste contexto, é nítida a possibilidade de você ter que fazer uma redação sobre racismo no Brasil, caso seja um aluno em fase de preparação para o vestibular, ou caso seja um jornalista, por exemplo.
Logo, hoje abordaremos juntos alguns filmes que trazem a questão racial como temática e que podem servir como fonte de reflexão sobre justiça social e também, como fonte de inspiração para a produção de trabalhos, textos e outros.
O racismo velado presente em Corra!
A obra cinematográfica que marcou o início da carreira de Diretor de Jordan Peele e lhe rendeu premiações na cerimônia do Oscar de 2018 foi o criticamente renomado Corra!
Diferentemente da maior parte dos filmes do gênero, Peele apostou no terror para tratar este tema, assim como em sua segunda obra, Nós.
Contudo, em Corra, Peele trata da discriminação velada logo no início da jornada da personagem principal, vivda por Daniel Kaluuya. Na trama, Chris é um jovem negro que possui uma namorada branca, a qual insiste para Chirs conhecer sua família, apesar dos receios do jovem.
Ao longo da trama, Chris tem de lidar com o racismo velado e as injúrias raciais cometidas pela família de maneira a forçar um contato com a personagem principal.
Aqui é explorado o lado velado do racismo, através de comentários como os vindos do sogro de Chris: ‘’Black is in fashion’’ ou, literalmente ‘’o preto está na moda.’’
Por fim, a obra é surpreendente, tomando um ar mais sinistro a cada arco do filme, de modo que o clímax, de arrepiar os cabelos, ocorre após a segunda metade, onde Chris confirma suas suspeitas iniciais sobre a família Armitage e sobre sua, até então, prometida.
O viés racial nas investigações policiais de Mississippi em Chamas
Outro filme excepcional que mostra o racismo de forma nua e crua é o clássico de Alan Parker de 1988, o denso e quase intragável Mississippi Burning.
No filme, vemos um jovem Willem Dafoe se juntar a Gene Hackman como agentes do FBI que irão investigar o desaparecimento de um grupo de ativistas dos movimentos civis no estado do Mississippi, um dos mais conservadores e discriminatórios dos Estados Unidos.
Em seu décimo primeiro filme, Alan Parker consegue retratar de maneira direta o descaso policial frente ao desaparecimento de jovens negros, ilustrando desta forma toda a violência e a falta de atenção da polícia norte americana para com a população negra.
Ao longo da trama, os agentes do FBI são desencorajados de suas investigações diversas vezes pelos policiais, investigadores, xerifes e detetives no condado fictício de Jessup, no Mississippi.
Contudo, logo no início do longa o espectador já tem ciência da participação das autoridades de justiça de Jessup no desaparecimento do grupo de ativistas, coisa que vai sendo descoberta de maneira gradual pelos investigadores.
Além disso, é essencial ressaltar que o filme é baseado em eventos reais que ocorreram no estado do Mississippi no ano de 1964.
Ainda, o filme foi criticado pelas famílias dos jovens devido ao grau fictício do longa, de modo que o próprio Alan Parker afirma que o filme é uma obra fictícia.
A importância da luta por direitos civis presente em Selma
Lançado no ano de 2014, Selma é um filme de autoria de Ava DuVernay definido com um filme de drama histórico, onde a história da marcha pelos direitos civis, realizada por Martin Luther King e por outros integrantes do movimento.
O nome do filme deriva da marcha histórica que marcou a conquista dos direitos civis nos Estados Unidos, que foi realizada da cidade de Selma, no Alabama, até a capital do estado, Montgomery.
No ano de 1965 três marchas de protesto foram realizadas entre Selma e Montgomery. A principal reivindicação dos protestantes foi o direito de voto para a comunidade negra do país frente a um momento de segregação social extrema, respaldada pela legislação de certos estados norte-americanos.